Nenhum
pecado do homem é mais obviamente um repúdio de Deus e um insulto à Sua santa
Pessoa do que o da blasfêmia, que em sua forma usual consiste em tomar um nome
da Trindade nos lábios de uma maneira vazia, em vão e frívola. Há esse pecado
como o de nos dirigirmos ao próprio Deus com blasfêmia. No dia da sua vinda a
Besta, ou o homem do pecado, atacará Deus e o Seu nome (Ap 13.6), e assim na
hora dos juízos de Deus sobre os homens, estes blasfemarão contra Deus e
amaldiçoarão Seu nome (Ap 16.9, 11, 21). Entretanto, a blasfêmia em geral não é
dirigida a Deus e consiste num uso mais ou menos irreverente do Seu nome em
juramentos e maldições dirigidas a outras pessoas ou coisas. Em oposição a isto
pode ser citada reverência formal da parte de Israel quando por séculos eles,
com consideração mais ou menos real, recusaram pronunciar o nome de Jeová, por
considerarem esse nome particular sagrado demais para a elocução humana.
1.
A Doutrina no Antigo Testamento.
Esta
doutrina é apresentada nos seguintes textos: Êxodo 20.7; Levítico 24.10-16; 1
Reis 21.10-23; 2 Reis 19.6, 22; Isaías 37.6,23; 65.7. A punição pela blasfêmia,
era o apedrejamento até a morte. Está afirmado que o pecado de Davi fez os
inimigos de Jeová blasfemarem (2 Sm 12.14).
2.
A Doutrina no Novo Testamento.
Um
raio muito mais amplo de possibilidades do mal através da blasfêmia é
apresentado no Novo Testamento. Uma quíntupla divisão pode ser sugerida.
a) Blasfêmia dos Judeus contra Cristo.
Esta
ocorreu de acordo com Atos 13.45 e 18.6: “Mas os judeus, vendo as multidões,
encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava”; “Como
estes, porém, se opusessem e proferissem injúrias, sacudiu ele as vestes e
disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde
agora vou para os gentios”. À luz da penalidade pelo apedrejamento a que eles
se arriscaram, fica evidente que o ódio pela verdade e a resistência a ela, por
parte dos judeus em relação a Cristo, eram tão violentos quanto poderiam ser. A
forma exata da blasfêmia deles não é revelada. Provavelmente era uma maldição
direta de Cristo, a quem o apóstolo proclamava como Deus manifesto em carne.
c) Blasfêmia contra a Pessoa DE Deus.
Isto
é muito sério por sua própria natureza. A referência aqui não é a de tomar o
nome de Deus em vão; é antes a blasfêmia diretamente dirigida a Deus e contra
Ele próprio. As passagens, já citadas acima, são Apocalipse 13.6 e 16.9,11,21.
d. Cristo Acusado de Blasfêmia.
Foi
alegado pelos judeus em sua incredulidade em Cristo que Ele blasfemou quando
disse que tinha poder sobre a terra para perdoar pecados e quando realmente
perdoou o pecado. Eles disseram: “Por que fala assim este homem? Ele blasfema.
Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus?" (Mc 2.7; cf. Mt 9.3;
Lc 5.21).
E.
Blasfêmia em Relação ao Espírito Santo. Esta forma especial de ataque tem sido
chamada de o pecado imperdoável. Essa blasfêmia contra o Espírito Santo numa
certa forma dela foi mencionado por Cristo como imperdoável, e isto é certo.
Após os judeus terem atribuído a Satanás as obras que Cristo operou pelo
Espírito Santo, está escrito que Cristo disse a eles: “Portanto vos digo: Todo
pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito
Santo não será perdoada. Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do
homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não
lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro" (Mt 12.31, 32); “Em
verdade vos digo: todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem
como todas as blasfêmias que proferirem; mas aquele que blasfemar contra o
Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado eterno. Porque
eles diziam: Está possesso de um espírito imundo” (Mc 3.28-30).
Por
falta de atenção para com tudo que está envolvido nestes e em outros textos
relacionados, tem havido a aplicação mais injuriosa da parte de pregadores,
especialmente evangelistas, destes textos à era presente.
Primeiramente,
deveria ser observado que este pecado contra o Espírito Santo consistia em
asseverar que as obras de Cristo, que foram operadas pelo Espírito Santo, foram
realizadas de modo contrário, por Satanás. Tal descrição não poderia ser
encontrada agora, visto que Cristo não está mais neste mundo como estava então,
nem Ele empreende no mesmo modo para fazer as obras pelo Espírito Santo.
Portanto, é impossível para este pecado específico ser cometido hoje. Dizer que
atribuir obras que homens possam fazer no poder do Espírito a Satanás é a mesma
ofensa que ir totalmente além do que está escrito. A possibilidade deste pecado
específico cometido cessou com a remoção de Cristo na terra.
Porém,
mesmo mais enfaticamente deve ser declarado que o chamado pecado imperdoável
não pode estar presente onde há uma chamada do Evangelho para “quem quiser
vir”, a menos que deva ser feita reserva no sentido de que no convite para “quem
quiser vir” deva se excetuar àqueles que cometeram o pecado imperdoável.
As
promessas e convites seriam então dirigidos àqueles somente que não cometeram
esse pecado. Deve ser argumentado que essa condição jamais é imposta a qualquer
relacionamento da graça da presente necessidade. Na tentativa de projetar um
pecado imperdoável nesta era, os homens têm se aproveitado de quase qualquer
mal sério como o pecado imperdoável, mas sempre sem suporte bíblico.
Frequentemente
Hebreus 6.4-9; 10.26-29 e 1 João 5.16 tem sido mencionados como textos que
ensinam sobre um pecado supostamente imperdoável.
Esses
textos, contudo, embora profundamente sérios em sua importância, não possuem
relação alguma com o pecado imperdoável. Quando se considera o assunto da
blasfêmia contra o Espírito Santo, pode bem ser observado que, totalmente além
da explicação humana, os homens não juram em nome da Terceira Pessoa da Trindade.
Deste fato pode ser concluído que há agora e sempre houve uma santidade peculiar
ao Espírito Santo. Seu próprio nome e título sugerem isso.
3.
Blasfêmia em Geral.
O
tomar o nome de Deus em vão, proibido por Êxodo 20.7, consiste no uso de um
nome da Trindade com um juramento, seja isso feito conscientemente ou sem
qualquer cuidado. Usualmente, os pensamentos de uma pessoa que profana o nome
não são dirigidos a Deus em sentido algum.
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Artigo: Lexis Sperry