“Quando mais de três pessoas falam línguas sem interpretação, é erro a igreja permitir?”
No texto de 1 Coríntios 14.27, 28, Paulo faz uma diferença entre variedade de línguas e línguas estranhas. Quando observamos a passagem bíblica, à primeira vista achamos que o apóstolo está proibindo os crentes de falar em línguas estranhas durante o culto. Mas não é este, com certeza, o pensamento dele.
No
mesmo capítulo, Paulo afirma: “O que fala língua estranha edifica-se a si
mesmo” (v. 4); “e eu quero que todos vós faleis línguas estranhas...” (v. 5);
“Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos” (v. 18). E
conclui dizendo: “Não proibais falar línguas” (v. 39).
Paulo
instrui a igreja sobre o uso correto do dom de variedade de línguas, ele
explica que precisa de interpretação: “E, se alguém falar línguas estranhas.[variedade
de línguas], faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e
haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale
consigo mesmo e com Deus” (1Co 14. 27,28).
Procurava
o apóstolo pôr termo a uma dificuldade: se todos os crentes batizados com o
Espírito Santo presentes numa reunião falassem várias línguas ao mesmo tempo,
seria humanamente impossível o trabalho dos intérpretes. Mesmo usados por Deus,
precisavam interpretar cada língua por sua vez. Talvez por isso Paulo tenha
prescrito: “E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou,
quando muito, três...” e “por sua vez”. Isto significa um após outro — pois
somente assim o intérprete poderia transmitir a mensagem divina à igreja. E
assim, tudo seria feito “decentemente e com ordem” (1Co 14.40).
Até
certo ponto, o dom de variedade de línguas é menor que o de profecia, quando
Paulo comenta os dons espirituais na igreja em Corinto: “E eu quero que todos
vós faleis línguas estranhas; mas muito mais que profetizeis, porque o que
profetiza é maior do que o que fala línguas...” (1Co 14.5). Mas existe uma
ressalva: “... a não ser que também interprete”.
Devemos entender que está em foco a variedade, e
não meramente o dom de línguas, desfrutado pelos cristãos batizados no Espírito
Santo.
É
possível que Paulo, ao falar sobre “línguas dos homens e dos anjos”, em 1
Coríntios 13.1, falasse sobre o dom de variedade de línguas — exatamente como
aconteceu no dia de Pentecostes.
O
dom de variedade de línguas possibilita a expressão, por meios sobrenaturais,
de línguas estrangeiras, naturais e humanas, e também de algum idioma
celestial. Depende da necessidade e vontade do Espírito Santo (At 2.4).
Inúmeras
vezes, Deus, através deste dom e de sua interpretação, tem edificado, exortado
e consolado milhares de pessoas na igreja e até fora dela.
A
igreja em Corinto foi agraciada por Deus com todos os dons já manifestos pelo
Espírito Santo, a ponto de o apóstolo Paulo comentar: “Porque em tudo fostes
enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento (como foi mesmo o
testemunho de Cristo confirmado entre vós). De maneira que nenhum dom vos
falta...”
Com
efeito, porém, ele ressalva uma particularidade: “faça-se tudo decentemente e
com ordem”.
Fonte: Mensageiro da Paz, março/2013, p.17