Estatísticas
indicam que mais de um terço da população mundial está conectada à web e
interage por meio de redes sociais. Dados indicam que as redes sociais
transformaram-se em um importante meio para a divulgação de informações e a
propagação de ideologias e todo o tipo de ativismo.
Diante desses fatos, a igreja precisa instruir seus membros no uso das novas tecnologias e buscar métodos da evangelização por meio das redes sociais. O cristão precisa estar consciente de suas responsabilidades e deveres no mundo virtual.
I. O CONCEITO DE REDE SOCIAL
As redes sociais
podem ser consideradas de modo genérico como sites de relacionamentos. Como
fator positivo, possibilitam às pessoas se relacionarem virtualmente; todavia,
também oferecem riscos aos seus usuários.
O termo é
utilizado para indicar uma aplicação da rede mundial de computadores (web) cuja
finalidade é relacionar as pessoas. Os que aderem a um site de relacionamentos
podem conectar-se entre si, criar um perfil, adicionar amigos e conhecidos,
enviar mensagens, fazer depoimentos, trocar informações, fotos e vídeos, além
de estabelecer vínculos. A rede social moderna surgiu no início do século XXI e
viabilizou aos usuários encontrar amigos do passado, reencontrar pessoas e
ampliar o círculo social.
As redes sociais
não são satisfatoriamente seguras. Os dados e informações pessoais podem ser
invadidos por terceiros. Entre os principais riscos associados às redes sociais
está a invasão de privacidade, danos à imagem e à reputação, vazamento de
informações e contato com pessoas malintencionadas.
Além disso,
existem muitos perfis falsos (fakes), comunidades polêmicas, discriminatórias,
conteúdos com imoralidade e preconceitos em geral. Como tudo na Internet e nas
tecnologias da informação, as redes sociais apresentam danos para seus
usuários.
II. O PERIGO DA RELAÇÃO DESCARTÁVEL E
AS NOVAS TECNOLOGIAS
1. A Distorção
da Felicidade
Nas redes
sociais em geral, as pessoas publicam uma vida perfeita e um mundo repleto de
felicidade. As redes estimulam a prática do narcisismo, ou seja, o indivíduo
que admira exageradamente a sua própria imagem e nutre uma paixão excessiva por
si mesmo. Essas pessoas tendem a buscar uma felicidade fútil, em meio a fotos
montadas e a sorrisos falsos.
Os usuários
editam a própria vida apresentando a si mesmos como vencedores e vendem a
ilusão de que vivem em plena paz e harmonia. As Escrituras condenam os que se
ufanam e vivem em hipocrisia (Is 5.20,21).
2. A verdadeira
felicidade
A Organização
Mundial de Saúde (OMS) define felicidade como “completo bem-estar físico,
mental e social”. O “Relatório Mundial sobre a Felicidade” publicado pela
Universidade de Columbia, em 2012, apontou multiplicidade no conceito:
A felicidade
inclui avaliações sobre a vida de maneira geral e aspectos positivos e
negativos de emoções que afetam o dia a dia de cada um. Alguns fatores são
externos como emprego, renda e saúde. Outros são pessoais, como gênero,
educação, saúde mental e idade. Outros são interrelacionados: com maior renda é
possível ter melhor educação e sendo mais feliz, a saúde também melhora. (KAHN,
Jan. 2013)
O problema
desses conceitos é que eles estão condicionados a algo, a alguém ou a alguma
coisa. Quando esses quesitos não são preenchidos, a felicidade acaba ou não
acontece, e se instala a frustração e, em consequência, a tristeza e o
sofrimento. A Bíblia Sagrada apresenta a felicidade como sendo a alegria que não
depende de nenhuma circunstância (Lc 12.15). Ela é fruto do Espírito,
caracterizado por um deleite e regozijo permanente na vida do cristão (Gl 5.22,
Fp 4.4). A tentação de buscar a felicidade nos bens efêmeros é insensatez e
resulta em desgosto (1 Tm 6.8,9).
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A verdadeira
alegria só pode ser encontrada no temor e na obediência ao Criador:
“Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos! Pois
comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem” (Sl 128.1,2).
3. O Isolamento
e a Solidão
Na década de
1990, pesquisadores chamaram atenção para o mal social chamado de “paradoxo da
Internet”. Trata-se da contradição de alguém ter vários relacionamentos
virtuais e, ao mesmo tempo, ausência real de contato humano. Estudos recentes
demonstram que o aumento no uso da Internet coincide com o aumento da solidão,
problema acentuado pelas redes sociais.
O ser humano
está sendo integrado à tecnologia e tratado como se fosse também uma máquina.
Essa falta de equilíbrio tem desencadeado crises emocionais, ansiedade e
isolamento (Jr 6.14).
4. Dependência
virtual
Reconhecemos a importância, a contribuição e os benefícios proporcionados pela Internet e as redes sociais. No entanto, não podemos fechar os olhos diante de seus efeitos colaterais, como, por exemplo, a dependência virtual.
Estudos psicológicos detectaram oito sinais de uso patológico da rede:
(1) incapacidade de controlar o uso da internet;
(2) necessidade de se conectar mais vezes;
(3) acessar a rede para fugir dos problemas ou para melhorar o estado de ânimo;
(4) pensar na internet quando se está off-line;
(5) sentir agitação ou irritação ao tentar restringir o uso;
(6) descuidar do trabalho, dos estudos ou até mesmo dos relacionamentos pessoais por causa da rede;
(7) sofrer pela abstinência;
(8) mentir sobre a quantidade de horas que passa conectado e/ou permanecer
muito mais tempo do que o previsto (SAYEG, 2000, p. 153). O usuário enquadrado
em alguns dos itens acima pode estar usando a Internet como fuga para problemas
psicológicos. O não tratamento desses sintomas resulta em dependência e
isolamento cada vez maior.
5. A Falsa
Sensação de Privacidade
Diversos
usuários das redes sociais iludem-se com a sensação de privacidade e ficam
expostos a toda espécie de constrangimentos. Comentários pessoais, sentimentos
de foro íntimo, fotos e vídeos comprometedores saem da área do privado e se
tornam públicos. Essa sensação de privacidade também favorece a prática do
pecado viral (algo que se espalha rápido como um vírus). Pode ser desde a
reprodução e retransmissão de pornografia até a divulgação de notícias falsas e
difamatórias (2 Tm 2.22; Pv 16.28).
7. A indecorosa
prática do “nudes”
A possibilidade
de manter a identidade real oculta é um dos fatores que impulsionam o uso
equivocado da Internet. Algumas pessoas sentem-se à vontade para extravasar
seus impulsos sexuais ilícitos sem medo de repercussão. A fantasia do anonimato
e a falta de inibição estimulam a prática da imoralidade. Uma conduta
deplorável tem sido a postagem de “nudes” (imagens da pessoa nua).
Segundo
pesquisas divulgadas por sites especializados, mais de 50% das mulheres com
acesso a redes sociais já enviaram, ao menos, uma foto de nudes e mais de 42%
dos homens já realizaram tal prática (TRIBUNA DO CEARÁ, out. 2016). A postagem
da imagem de “nudes” acontece no âmbito privado, mas, em vários casos, quem
recebe as imagens salva as fotos e as compartilha nas redes sociais,
tornando-as de domínio público. Tal atitude pode ser responsabilizada
criminalmente; no entanto, nenhuma condenação poderá reparar o dano moral
causado. Os que tiveram suas fotos divulgadas passaram e passam por diversos
infortúnios, tais como o bullying, automartírio, abalos psicológicos e alguns
chegam inclusive ao extremo de cometer o suicídio. O ideal mesmo é não
compartilhar nenhuma imagem íntima nem sua e nem de terceiros, primeiro por ser
uma prática imoral (Gl 5.19) e segundo por ser uma conduta antiética.
III. A REDE SOCIAL A SERVIÇO DO REINO
DE DEUS
A igreja de
Cristo precisa ser consciente quanto ao potencial das redes sociais e deve
usá-la na propagação do Reino de Deus. Mas para evangelizar nas mídias não
basta postar mensagens de cunho cristão; é indispensável o bom testemunho do
usuário na rede de computadores.
1. O Bom
Testemunho nas Redes Sociais
Cristo ensinou
que o cristão é a luz do mundo (Mt 5.14) e que essa luz deve resplandecer por
meio das boas obras a fim de glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt
5.16). Desse modo, para o bom testemunho nas redes sociais, o cristão não deve
postar comentários negativos ou fazer pré-julgamento das pessoas. Deve tomar
todo cuidado e precaução com fotos e vídeos que publicar, sejam pessoais, sejam
de terceiros. Avaliar o conteúdo, a coerência, o vocabulário e a ética cristã
das mensagens antes de postar, comentar ou curtir. Paulo nos ensina a fazer de
tudo para ganhar as pessoas para Cristo (1 Co 9.22).
2. Importância
da boa reputação
O requisito de
boa reputação é fator preponderante na evangelização, tanto a pessoal (corpo a
corpo) quanto a virtual (Internet). O bom caráter e a idoneidade daquele que
evangeliza deve ser testemunhado pelos não crentes.
Espera-se dos
cristãos que desfrutem de um viver reto e íntegro, por meio da oração e
santificação no Espírito Santo. Se isso não for observado, a evangelização será
inócua, quem evangeliza será difamado e envergonhado, a igreja colocada em
descrédito e o evangelho de Jesus vilipendiado:
Um viver
incoerente, contraditório com os valores morais e éticos do evangelho,
certamente inviabilizaria toda e qualquer possibilidade de ser reconhecido como
um líder cristão, como um instrumento de bênção nas mãos de Deus. Um viver
incompatível com o evangelho apenas revela o profundo abismo existente entre o
homem e Deus. (EMAD, 2005, p. 241)
Somos servos de
Deus e estamos sendo observados. Se quisermos testemunhar de Cristo e seu
evangelho, precisamos vigiar nossa conduta. Portanto, é inadmissível que
aqueles que usam as redes sociais para provocar constrangimentos, estimular o
preconceito e a discriminação, enviar ou receber “nudes”, curtir e compartilhar
imagens, vídeos e mensagens com conteúdo lascivo ou duvidoso possam ter
autoridade moral ou espiritual para evangelizar alguém. Quanto à necessidade de
evangelizar corretamente, Paulo nos alertou: “se o faço de boa mente, terei
prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada” (1 Co
9.17).
3. O Uso Correto
da Evangelização Digital
A Internet é uma
grande aliada na divulgação do evangelho, porém alguns cuidados são necessários
para não tornar a mensagem inócua. As postagens não podem ser grandes e os
vídeos não podem ser demorados. A mensagem precisa ser clara, concisa e
objetiva. Antes de compartilhar as imagens, deve-se verificar a veracidade
bíblica daquela mensagem e o seu teor teológico.
Em lugar de
postagens com frases de efeito ou de autoajuda, devem-se priorizar os
versículos bíblicos. Ao reproduzir áudios e vídeos, deve-se verificar se não
existe algo que possa causar escândalos ou intolerância religiosa. Também não
se deve atacar a ninguém, apenas anunciar e confessar a Cristo (1 Co 1.23,24).
4. Evangelizar é
comunicar
No decorrer da
história da humanidade, Deus tem se revelado e se comunicado com o ser humano.
O escritor aos Hebreus assevera que Deus falou antigamente aos pais, pelos
profetas, e a nós falou-nos nestes últimos dias pelo seu Filho (Hb 1.1). Desse
modo, o ápice da comunicação divina acontece na Encarnação do Verbo Divino: “o
Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória” (Jo 1.14). Jesus
Cristo é o encontro mais pleno alcançado entre Deus e o homem. Ao revelar sua
mensagem aos escolhidos, Deus desejou que ela fosse compartilhada com todos:
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas
que vos tenho ordenado” (Mt 28.19, ARA). Portanto, evangelizar não é
simplesmente anunciar uma doutrina, mas é comunicar-se com o outro, isto é,
“entrar em diálogo, relacionar-se, viver em comunhão com Deus para poder
testemunhar com autenticidade Àquele em quem se crê e entrar em comunhão com
outras pessoas” (SILVA, 2015, p. 12). Sob essa perspectiva, as redes sociais
tornam-se um campo fértil para a comunicação do evangelho.
Referencia:
BAPTISTA, Douglas. Valores Cristãos: Enfrentando as questões morais de nosso
tempo, 1ª edição de 2018, CPAD. Reverberação: Escola Bíblica ECB