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Escatologia Bíblica, as coisas que em breve devem acontecer

Escatologia é um termo que diz respeito aos fins últimos do homem, portanto, um assunto extra-bíblico. Não é este o objetivo do estudo de Escatologia Bíblica - a teologia sistematizada que trata da doutrina das últimas coisas, isto é, dos eventos por acontecer, segundo as Escrituras, como a morte, ressurreição e Segunda Vinda de Cristo, bem como o final dos tempos, o juízo final e o estado futuro.
Os eventos que estão acontecendo e ainda irão acontece são parte do eterno plano divino através dos séculos. Esse plano é revelado nas Escrituras através de muitas passagens, como, por exemplo: Efésios 3.11; Isaías 46.10; 2 Reis 19.25. Em Escatologia Bíblica estudamos parte desse plano, principalmente “... as coisas que em breve devem acontecer...” (Ap 1.1).
 
I. Dúvidas e confusão em Escatologia

O fato de muitas pessoas não saberem distinguir os eventos bíblicos que ocorrerão no fim da presente era bíblica, iniciando com a Segunda Vinda de Jesus, resulta em muitas dúvidas, confusão e interpretações absurdas do texto bíblico. Algumas razões desse caos são:

a)     Falta de afinidade do crente com o Espírito Santo.
Daí, falta de introspecção espiritual (1Co 2.10,14). A Bíblia foi produzida pelo Espírito Santo, portanto não pensemos poder entendê-la só por sermos antigos na fé, por sermos cultos, por sermos jovens, por termos tais e tais cursos. O Espírito Santo é o intérprete real das Escrituras e conhece até mesmo as profundezas de Deus.

b)     Falsa aplicação do texto bíblico nos seus variados aspectos.
Falsa aplicação quanto a povos bíblicos; quanto a tempo; quanto a lugar; quanto aos sentidos do texto; quanto à mensagem do texto e quanto à procedência da mensagem do texto. Tudo isto em relação ao assunto que estamos estudando no momento. A aplicação correta da Palavra de Deus é: “... Maneja bem a palavra da verdade”, de que falou o apóstolo Paulo, em 2 Timóteo 2.15. E para manejá-la bem é necessário considerar os variados aspectos de aplicação mencionados. E dever de todo obreiro do Senhor, bem como de todo aquele que tem responsabilidade em Sua obra, manejar bem a Palavra da Verdade. Tanto é réu o corruptor da sã doutrina quanto o omisso.
c)      Conhecimento bíblico desordenado.
Há crentes em nossas igrejas que são portadores de admirável conhecimento das Escrituras, mas que, infelizmente, por falta de estudo sistemático dos assuntos bíblicos, esse conhecimento fica vago, solto, sem sequência, desordenado, tipo catálogo de telefone, onde uma informação nada tem a ver com a outra. E conhecimento bíblico, sim, porém assimétrico, adquirido por meio da leitura da Bíblia e de outros livros; ouvindo aqui; conversando ali; mas sem organização e sem método. Isso muitas vezes ocorre por falta de cultura secular.

d)     Conhecimento especulativo. Isto é, conhecimento que é apenas especulação do intelecto humano (1 Co 2.14).
Especular é querer saber apenas por saber, sem intenção de glorificar a Deus, de consagrar a vida a Ele e muito menos de obedecer à Sua vontade. Há muita diferença entre “amar a Sua vinda” (2Tm 4.8) e especular sobre a Sua vinda.

e)     Ação deletéria e vergonhosa de falsos ensinadores.
Esta é outra causa de dúvidas, controvérsias e confusão em Escatologia Bíblica. E o pior é que os falsos ensinadores, distorcedores da verdade, têm livre acesso em muitas igrejas. Não há disciplina para eles. São praticamente intocáveis, especialmente se forem “pessoas importantes”. Todo crente pode sofrer disciplina, mas o falso ensinador, não. Eis o perigo!



II. O posicionamento da Escatologia no campo doutrinário



Para conhecer o posicionamento da Escatologia no campo da doutrina, é preciso que se dê pelo menos a classificação sumária das doutrinas da Bíblia. Há três classes gerais de doutrinas bíblicas, a saber:

a)      Doutrinas da Salvação;
b)      Doutrinas da Fé Cristã;
c)      Doutrinas das Coisas Futuras. A Escatologia Bíblica situa-se aqui.

Seja qual for a classe de doutrinas, a Escatologia Bíblica requer sequioso e diligente estudo da revelação divina em atitude de oração, santo temor, receptividade, tudo isso aliado a um profundo amor à Palavra de Deus (Dt 6.6; SI 119.167).

III.  As doutrinas escatológicas

Há pelo menos oito grandes doutrinas escatológicas, a seguir discriminadas:
 
a)     A doutrina da morte e do estado intermediário.
Estuda a morte como um agente; a morte como um ato; a morte como um estado.
b)     A doutrina dos juízos:
1.      O juízo dos pecados da humanidade (Jo 12.31).
Nesse juízo o homem é julgado como pecador. O resultado desse juízo foi morte para Cristo, como nosso substituto, e justificação para o pecador que nEle crê. Em Cristo nossos pecados foram julgados (2Co 5.21).

2.      O juízo do crente pelo próprio crente (1Co 11.31,32).
Nesse juízo o homem é julgado como filho de Deus. O resultado desse autojulgamento é sua isenção de castigo da parte do Senhor para o crente.

3.      O juízo das obras do crente (2Co 5.10).
Nesse juízo o homem é julgado como servo de Deus. Os pecados do crente foram julgados na cruz. Neste juízo são julgadas as obras feitas para Deus e o resultado é a recompensa ou perda da recompensa para o crente.

4.      O juízo de Deus durante a Grande Tribulação (Dn 12.1).
Israel rejeitou Deus Pai (1Sm 8.7); rejeitou Deus Filho (Lc 23.18); e rejeitou Deus-Espírito Santo (At 7.51). Por essa razão, Israel será julgado em meio à Grande Tribulação. O resultado desse juízo será o remanescente de Israel se voltar para Deus, aceitando Jesus como Messias, por ocasião da Sua vinda (Rm 9.27).

5.      O juízo das nações viventes (Mt 25.31-46).
O resultado deste juízo é que nações serão poupadas e nações serão aniquiladas.

6.      O juízo do Diabo e seus anjos (Ap 20.10; 2 Pe 2.4).
O resultado deste juízo é para eles o estado eterno no inferno.

7.      O juízo dos ímpios falecidos (Ap 20.11 -15).
É também chamado Juízo Final e Juízo do Grande Trono Branco. O resultado deste juízo é a ida dos ímpios para o Lago de Fogo e Enxofre, para sempre e eternamente.

c)      A doutrina da Ressurreição.
Há duas ressurreições, a dos justos e a dos injustos, com um intervalo de mil anos entre elas (Jo 5.28,29; Dn 12.2; Ap 20.5).

d)     A doutrina da Vinda de Jesus.
Pela sua natureza, esta é a principal doutrina escatológica. Abrange o arrebatamento da Igreja, o juízo da Igreja, as Bodas do Cordeiro, a ceia das Bodas do Cordeiro, a Grande Tribulação, a volta de Jesus em Glória e o julgamento das nações.

e)     A doutrina do Milênio.
O Milênio é o esplendoroso reinado de Cristo, implantado com justiça na terra por mil anos.

f)      A doutrina da revolta de Satanás.
Isto ocorrerá após o Milênio. Esta doutrina contém muitos ensinos abonados por referências através das Escrituras.

g)     A doutrina do eterno e perfeito estado.
Os capítulos 21 e 22 do livro de Apocalipse descrevem as glórias desse perfeito estado eterno.


h)     A doutrina das Dispensações e Alianças da Bíblia.
No ciclo da história humana a Bíblia trata de sete dispensações e oito alianças entre Deus e os homens. Na doutrina das dispensações e alianças é justo incluir o estudo das eras bíblicas, dos tempos bíblicos e dos dias bíblicos.

Sendo o Movimento Pentecostal um movimento do Espírito, é de se esperar que o conhecimento escatológico seja aprofundado. Que haja maior compreensão, maior visão introspectiva da escatologia.

Lembremo-nos que a Daniel foi dito que selasse as revelações escatológicas, porque o tempo do seu cumprimento estava ainda mui distante (Dn 12.2,9; 8.26), mas para nós, da época da Igreja, a mensagem quanto a essas revelações é a de Apocalipse 22.10: “... Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo”.


Fonte: EETAD