DEFINIÇÕES DE HEBRAÍSMO
Palavra ou locução própria da língua hebraica.
Expressão cultural, costume do povo Hebreu.
Conjunto
de atividades ou de maneiras próprias dos hebreus ou judeus.
Podemos vê o hebraísmo em Jó: 13.14: "Por que razão tomaria eu a minha carne com os
dentes"......, esta
expressão, dentro do "Hebraísmo" (que é uma linguagem própria do povo
Hebreu, sua forma cultural) tem o seu significado como : Por que razão estarei
preocupado com o meu futuro, ou estarei eu ansioso, preocupado com o amanhã? Ou
estarei com medo da morte?
Alguns
conhecimentos destes hebraísmos são necessários para poder fazer uso devido de
nossa primeira regra de interpretação.
EXEMPLOS DE
HEBRAÍSMOS BÍBLICOS
Exemplos: 1° -
Era costume entre os hebreus chamar a uma pessoa filho da coisa que de um modo
especial a caracterizava, de modo que ao pacífico e bem disposto se chamava filho da paz; ao iluminado e
entendido, filho da luz;
aos desobedientes, filhos da
desobediência, etc. (Veja-se Luc. 10:6; Efés. 2:2; 5:6 e 5:8.)
2° - As comparações eram expressas às vezes,
mediante negações, como, por exemplo, ao dizer Jesus:
"Qualquer
que a mim me receber, não recebe a mim, mas ao que me enviou", o que
equivale à nossa maneira de dizer: O que me recebe, não recebe tanto a mim,
quanto ao que me enviou; ou não somente a mim, mas também ao que me
enviou." Devemos interpretar da mesma maneira quando lemos: "Não
procuro (somente) a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou;
trabalhai, não (só) pela comida que perece mas pela que subiste para a vida
eterna; não mentiste (somente) aos homens, mas a Deus; não me enviou Cristo
(tanto) para batizar, mas (quanto) para pregar o evangelho; nossa luta não é
contra o sangue e a carne (somente), e, sim, contra os principados . . . contra
as forças espirituais do mal", etc. (Mar. 9:37; João 5:30; 6:27; Atos 5:4;
1 Cor. 1:17; Efésios 6:12.)
Como já
dissemos em outra parte, o amar
e aborrecer eram usados para
expressar a preferência de uma coisa a outra; assim é que ao ler, por exemplo:
"Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú", devemos compreender:
preferi Jacó a Esaú. (Rom. 9:13; Deut. 21:15; João 12:25; Luc. 14:26; Mat.
10:37).
3° - Às vezes os hebreus, apesar de se
referirem tão-somente a uma pessoa ou coisa, mencionavam várias para indicar
sua existência e relação com a pessoa ou coisa a que se referiam, como, por
exemplo, ao dizer: "A arca repousou sobre as montanhas de Ararat", o que
equivale a dizer que repousou sobre um dos montes Ararat. Do mesmo modo que,
ao lermos em Mateus 24:1 que "se aproximaram dele os seus discípulos para
lhe mostrar as construções do templo", sabemos que um deles (como intérprete do sentimento dos
outros) lhe mostrou os edifícios do templo; e ao dizer (Mateus 26:8) que
"indignaram-se os discípulos (pela perda do unguento), dizendo: para que
este desperdício?", sabemos por João que foi um deles, a saber: Judas, que
sem dúvida, expressando o pensamento dos demais, disse; "Para que este
desperdício?" Ao dizer também. Lucas que os soldados chegaram-se a Jesus,
apresentado-lhe vinagre na cruz, vimos por Mateus que foi um deles que realizou
o ato. (Gên. 8:4; Juízes 12:7; Mateus 24:1; Marcos 13:1; Lucas 23:36; Mateus
27:48).
4° - Com frequência usavam os hebreus o nome
dos pais para denotar seus descendentes, como, por exemplo, ao dizer-se (Gên.
9:25): "Maldito seja Canaã", em lugar dos descendentes de
Canaã (excetuando-se, é claro, os justos de seus descendentes). Muitas vezes
usa-se também o nome de Jacó ou Israel para designar os israelitas, isto é, os
descendentes de Israel. (Gên. 49:7; Salmo 14:7; 1 Reis 18,17,18).
5° - A palavra "filho" usa-se, às
vezes, como em quase todos os idiomas, para designar um descendente mais ou
menos remoto. Assim é que o sacerdotes, por exemplo, se chamam filhos de Levi;
Mefibosete se chama filho de Saul, embora, em realidade fosse seu neto; do
mesmo modo Zacarias se chama filho de Ido, sendo seu pai Berequias, filho de
Ido. E assim como "filho" se usa para designar um descendente
qualquer, do mesmo modo a palavra "pai" se usa às vezes para designar
um ascendente qualquer. Às vezes "irmão" se usa também quando somente
se trata de um parentesco mais ou menos próximo; assim, por exemplo, chama-se
Ló irmão de Abraão, embora em realidade fosse seu sobrinho. (Gên 14:12-16.)
Tendo presentes tais hebraísmos, desaparecem contradições aparentes. Em 2 Reis
8:26, por exemplo, se chama a Atalia, filha de Onri, e no verso 18, filha de
Acabe, sendo em realidade filha de Acabe e neta de Onri.
Além dos
hebraísmos referidos, ocorrem outras singularidades na linguagem bíblica,
certos quase-hebraísmos, que precisamos conhecer para a correta compreensão de
muitos textos. Referimo-nos ao uso peculiar de certos números, de algumas
palavras que expressam fatos realizados ou supostos e de vários nomes próprios.
Exemplos: 1°
Certos números determinados usam-se às vezes em hebraico para expressar
quantidades indeterminadas.
"Dez",
por exemplo, significa "vários", como também este número exato. (Gên.
31:7; Daniel 1:20.)
"Quarenta"
significa "muitos". Persépolis era chamada "a cidade das
quarenta torres", embora o numero delas fosse muito maior. Tal é,
provavelmente, também o significado em 2 Reis 8:9, onde lemos que Hazael fez um
presente de 40 cargas de camelos de bens de Damasco a Eliseu. Talvez seja este
também o significado em Ezequiel 29:11-13.
"Sete"
e "setenta" se usam para expressar um número grande e completo, ainda
que indeterminado. (Prov. 26:16,25; Salmo 119:164; Lev. 26:24). É-nos ordenado
perdoar até setenta vezes sete para dar-nos a compreender que, se o irmão se
arrepende, devemos sempre perdoar-lhe. Os sete demônios expulsos de Maria
denotam, talvez, seu extremado sofrimento e ao mesmo tempo sua grande maldade.
2° - Às
vezes usam-se números redondos nas Escrituras para expressar quantidades
inexatas. Em Juízes 11:26 vemos, por exemplo, que se coloca o número redondo de
300 por 293. Compare-se também cap. 20:46, 35.
3° - Às
vezes faz-se uso peculiar das palavras que expressam ação, dizendo-se de vez em
quando que uma pessoa faz uma coisa, quando só a declara feita; quando
profetiza que se fará, se supõe que se fará ou considera feita. Às vezes
manda-se também fazer uma coisa quando só se permite que se faça.
Em Lev.
13:13 (no original), por exemplo, diz-se que o sacerdote limpa o leproso,
quando apenas o declara limpo. Em 2 Cor. 3:6 lemos que "a letra
(significando, a lei) mata", quando na realidade só declara que o
transgressor deve morrer.
Em João
4:1,2, diz-se que "Jesus" batizava mais discípulos que João, quando
só ordenava que fossem batizados, pois em seguida lemos: "(se bem que
Jesus mesmo não batizava, e, sim, os seus discípulos.)" Lemos também que
Judas "adquiriu um campo com o preço da iniqüidade", embora só fosse
proveniente dele, entregando aos sacerdotes o dinheiro com que compraram dito
campo. (Atos 1:16-19; Mateus 27:4-10). Assim compreendemos também em que
sentido consta que "o Senhor endureceu o coração de Faraó", ao mesmo
tempo que lemos que Faraó mesmo endureceu seu coração; isto é, que Deus foi
causa de seu endurecimento oferecendo-lhe misericórdia com a condição de ser
obediente, porém se endureceu ele mesmo, resistindo à bondade oferecida. (Êxodo
8:15; 9:12; compare-se Rom. 9:17.)
Ao dizer
o Senhor ao profeta Jeremias (1:10): "Hoje te constituo. . . para
arrancares . . . para destruíres e arruinares", etc., não o colocou Deus
para executar estas coisas, mas para profetizá-las ou proclamá-las. Neste
sentido também Isaías teve de tornar "insensível o coração deste
endurece-lhes os ouvidos e fecha-lhes os olhos" (Isaías 6:10).
Como
prova de que o idioma hebraico expressa em forma de mandamento positivo o que
não implica mais que uma simples permissão, e nem sequer consentimento, de fazer
uma coisa, temos em Ezequiel 20:39, onde diz o Senhor: "Ide; cada um sirva
os seus ídolos agora e mais tarde", dando-se a compreender linhas adiante
que o Senhor não aprovava tal conduta. O mesmo acontece no caso de Balaão o
dizer-lhe Deus: "Se aqueles homens (os príncipes do malvado Balaque)
vierem chamar-te, levanta-te, vai com eles; todavia, farás somente o que eu te
disser"; dizendo-nos o contexto que aquilo não era mais que uma simples
permissão de ir e fazer um mal que Deus absolutamente não queria que o profeta
o fizesse. (Núm. 22:20.) Caso semelhante temos provavelmente nas palavras de
Jesus a Judas, quando lhe disse: "O que retendes fazer, faze-o
depressa" (João 13:27).
4° - Na
interpretação das palavras das Escrituras, é preciso ter presente também que se
faz uso mui singular dos nomes próprios, designando-se às vezes diferentes
pessoas com um mesmo nome, diferentes lugares com um mesmo nome e uma mesma
pessoa com nomes diferentes.
Pessoas
diferentes designadas com um mesmo nome. Faraó, que significa regente, era o nome comum de
todos os reis do Egito desde o tempo de Abraão até à invasão dos persas,
mudando-se depois o nome de Faraó pelo de Ptolomeu. Abimeleque, que significa meu pai e rei, parece haver
sido o nome comum dos reis dos filisteus, como Agague, o dos reis dos
amalequitas e Ben-Hadade dos sírios e o de César dos imperadores romanos. César
Augusto (Lucas 2:1) que reinava ao nascer Jesus, era o segundo que levava este
nome. O César que reinava ao ser crucificado Jesus, era Tibério. O imperador
para o qual apelou Paulo e a quem tanto se chamava Augusto como César, era
Nero. (Atos 25:21). Os reis egípcios e filisteus parecem ter tido um nome
próprio além do comum, como os romanos. Assim é que lemos, por exemplo, de um
Faraó Neco, do Faraó Ofra e de Abimeleque Aquis. (Veja-se o prefácio ao Salmo
34; 1 Samuel 21:11.).
NO NOVO TESTAMENTO se conhecem diferentes pessoas
sob o nome de Herodes. Herodes o Grande, assim chamado
na história profana, foi quem, sendo já velho, matou as crianças em Belém.
Morto este, a metade de seu reino, Judéia e Samaria inclusive, foi dada a seu
filho Arquelau; a maior parte da Galiléia, a seu filho Herodes o Tetrarca, o
rei (Lucas 3:1; Mateus 2:22); e outras partes da Síria e Galiléia a seu
terceiro filho Filipe Herodes. Foi Herodes o Tetrarca quem decapitou a João
Batista e zombara de Jesus em sua paixão. Ainda outro rei Herodes, a saber, o
neto do cruel Herodes o Grande, matou ao apóstolo Tiago, morrendo depois
abandonado em Cesaréia. Foi diante do filho deste assassino de Tiago, chamado
Herodes Agripa, que Festo fez Paulo comparecer.
O caráter deste rei era muito
diferente do de seu pai, e não confundi-los é de importância para a correta
compreensão da História. Levi em Marcos 2:14 é o mesmo que Mateus. Tomé e Dídimo
são uma mesma pessoa. Tadeu, Lebeu e Judas são os diferentes nomes do apóstolo
Judas. Natanael e Bartolomeu são também os nomes de uma mesma pessoa.
Lugares
diferentes designados com um mesmo nome. Duas cidades chamam-se
Cesaréia, a saber Cesaréia de Filipe, na Galiléia, e Cesaréia situada na costa
do Mediterrâneo. A esta última, porto de mar e ponto de partida para os
viajantes, que saíam da Judéia para Roma, refere-se constantemente o livro dos
Atos.
Também se
mencionam duas Antioquias: a da Síria, onde Paulo e Barnabé iniciaram seus
trabalhos e onde os discípulos pela primeira vez foram chamados de cristãos; e
a da Pisídia, à qual se faz referência em Atos 13:14 e em 2 Tim. 3:11.
Também há
vários lugares chamados Mispa no Antigo Testamento como o de Galeede, de Moabe,
o de Gibeá e o de Judá. (Gên. 31:47-49; 1 Sam. 22:3; 7:11; Josué 15:38).
Um mesmo
nome que designa a uma pessoa e a um lugar. Magogue, por
exemplo, é o nome de um filho de Jafé, sendo também o nome do país ocupado pela
gente chamada Gogue, provavelmente os antigos citas, hoje chamados tártaros
(Ezeq. 38; Apoc. 20:8), dos quais descendem os turcos.
Uma mesma
pessoa e um mesmo lugar, com nomes diferentes. Horebe e Sinai são nomes
de diferentes picos de uma mesma montanha, Porém às vezes um ou outro destes
nomes designa a montanha inteira.
O lago de
Genesaré chamava-se antigamente Mar de Cinerete, depois Mar da Galiléia ou Mar
de Tiberíades. (Mateus 4:18; João 21:1.) A Abissínia moderna se chama Etiópia e
às vezes Cuxe, designando este último nome, sem dúvida, a maioria das vezes,
Arábia ou Índia, Grécia chama-se tanto Javã como Grécia. (Isaías 66:19; Zac.
9:13; Dan. 8:21.) Egito chama-se às vezes, Cão, outras Raabe. (Salmo 78:51;
Isaías 51:9.)
O Mar
Morto se chama às vezes Mar da Planície, por ocupar a planície onde estavam as
cidades de Sodoma e Gomorra; Mar do Este, em função de sua posição para o
Leste, contando desde Jerusalém, e ainda Mar Salgado. (2 Reis 14:25; Gên. 14:3;
Josué 12:3).
O Nilo
chama-se Sibor, porém com mais frequência o Rio, cujos nomes também às vezes
designam outros rios.
O
Mediterrâneo se chama às vezes o Mar dos Filisteus, que viviam em suas costas;
outras, Mar Ocidental; outras, e com mais frequência, Mar Grande. (Êxodo 23:31;
Deut. 11:24; Num. 34:6,7).
A Terra Santa
chama-se Canaã, Terra de Israel, Terra de Judéia, Palestina, Terra dos Pastores
e Terra Prometida. (Êxodo 15:15; 1 Sam. 13:19; Hebr. 11:9.)
Um
cuidadoso conhecimento do referido uso peculiar dos nomes próprios não só
favorece a correta compreensão das Escrituras em geral, como faz desaparecer
virias contradições que a ignorância encontra em diferentes passagens bíblicas.
Fontes:
* HERMENÊUTICA – Regras de Interpretação das Sagradas Escrituras,
EDITORA VIDA, 1968
* dicionarioinformal.com.br
* Site: www.escolabiblicaecb.com