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O Senhor é Deus de vivos e não de mortos

"Há contradição entre as passagens bíblicas de Mateus 22.32 e Romanos 14.9?"

"Há contradição entre as passagens bíblicas de Mateus 22.32 e Romanos 14.9?"

Entre Mateus 22.32 e Romanos 14.9 não há nada de contradição. A confusão que pode haver será por ignorar a hermenêutica.

O leitor curioso que ignora a hermenêutica só vê as periferias e superfícies dos textos bíblicos, razão das aparentes contradições.

À luz das regras da hermenêutica, não há contradição nos textos em apreço.

As regras da hermenêutica são:

a) gramaticais e/ou literárias;

b) históricas;

c) teológicas;

d) e a do contexto, que é a principal regra de interpretação.


Sem analisar o contexto, nenhum hermeneuta interpretará bem os textos sob análise. Textos sem contexto gera um pretexto.

Na passagem de Mateus, vemos um debate entre Jesus e os saduceus. Estes não criam em ressurreição.

Eles foram a Jesus e disseram-lhe: "Mestre, uma mulher casou-se com sete irmãos, morreram todos. Na ressurreição, de quem será ela esposa?


Jesus respondeu: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem poder de Deus. Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu. E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos". Eis o fim da discussão.


"Não tendes lido..." Aqueles saduceus aceitavam apenas os cinco primeiros livros do Antigo Testamento como Escritura Sagrada. Jesus citou um desses livros. Se necessitavam de textos de prova bem citados a fim de poder acatar uma opinião, deveriam ter dado ouvidos ao que Jesus citara. Marcos diz: "...no livro de Moisés.,.", isto é, no Pentateuco, que aceitavam sem novas perguntas.

No conceito dos saduceus, os livros de Moisés eram o tribunal de apelo final e decisivo em qualquer questão doutrinária. Sobre a ressurreição, Jesus citou Êxodo 3.6: "Eu sou o Deus de Abraão...".


Na ênfase de Jesus, Abraão viveu na terra e morreu, mas em realidade está vivo. Isaque, viveu na terra e morreu, mas está vivo.


Jacó, viveu na terra e morreu, mas está vivo. Todos os indivíduos que viveram na face da terra e morreram, em realidade estão vivos.

A RESSURREIÇÃO

Sobre a ressurreição, Jesus ensinou claramente que não há extinção, de maneira alguma. Deus não é Deus de mortos, mas de todos.


A própria natureza de Deus requer a continuação da vida. Isso implica a realidade da imortalidade da alma, tanto quanto a realidade da ressurreição dos mortos.


Para os judeus, a vida perfeita, a vida imortal, requeria a união da personalidade inteira, de corpo e alma. Aqui não há explicações sobre a natureza metafísica dessa união; porém, o homem continua vivo.


Já na passagem de Romanos, vemos Paulo falando sobre a ressurreição.

"Foi para isto que morreu Cristo, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos", Rm 14.9.


O ENFOQUE EM MATEUS É SOBRE A RESSURREIÇÃO.

O de Romanos é sobre a ressurreição de Cristo, que assegura a nossa paz com Deus e fala sobre o senhorio de Cristo. Portanto, a diferença é de enfoques.


O primeiro texto enfoca a ressurreição abrangente, em sentido geral.

O segundo fala especificamente da morte e ressurreição de Cristo, do seu poderio e senhorio sobre mortos e vivos. Mortos, nesta passagem, são os que morreram na Terra, mas suas almas continuam vivas.


Quando Paulo fala em Romanos que Cristo "ressurgiu", no original grego é usado aqui o aoristo histórico, o que aponta para um fato histórico consumado o fato da ressurreição. Esse é o enfoque.


Conclusão

O domínio de Cristo sobre a morte refuta a ideia da psycho-pa-nnychia, erro doutrinário que diz que entre a morte e a ressurreição ocorre o "sono da alma". Contra esse erro temos, por exemplo, a sólida argumentação da aparição de Moisés e Elias (Mt 17.3) e a ressurreição de santos (Mt 27.52). Portanto, não há contradição.


Artigo: PR. Nestor Henrique Mesquita