Interpretando o Livro de Apocalipse

Uma palavra-chave em Apocalipse é profecia, a qual aparece sete vezes (ARC) indicando a projeção dos acontecimentos futuros. Existem vários métodos de interpretação desse livro escatológico, mas serão apresentados a seguir apenas os principais.


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I - Métodos de interpretação

 

O primeiro método é chamado de preterista, segundo o qual tudo em Apocalipse diria respeito ao passado. Em outras palavras, todos os eventos descritos nesse livro já teriam se cumprido com a destruição de Jerusalém e com a queda do Império Romano. Todavia, de acordo com nosso estudo, não podemos fazer uso de tal método, porque entendemos que a maior parte dos acontecimentos em Apocalipse ainda não se realizou, tais como a segunda vinda do Senhor Jesus, a Grande Tribulação, o aparecimento do Anticristo e do Falso Profeta, o surgimento das duas testemunhas, a batalha do Armagedom e a implementação do Milênio.

 

O segundo método é chamado de historicista, segundo o qual as profecias em Apocalipse se cumpriram no decorrer da história, a partir do momento em que o profeta recebeu a revelação e a tornou pública. De acordo com os estudiosos que adotam esse método, muitos eventos já ocorreram e alguns ainda estão por vir. O problema dessa interpretação é não considerar o sentido espiritual do livro, desprezando os símbolos evocados em Apocalipse. Sendo o cristianismo uma religião histórica e que preza a história, esse método pode ser utilizado por nós apenas parcialmente, uma vez que seu conteúdo simbólico jamais deverá ser desprezado por nós.

 

O terceiro método é o futurista. De acordo com ele, as profecias apocalípticas se cumprirão no fim dos tempos. Alguns futuristas dizem que os acontecimentos mencionados nos capítulos 1, 2 e 3 de Apocalipse já se realizaram, mas que o restante é para o futuro. Adotando a visão da escola futurista, há três grupos que divergem a respeito da Igreja e da Grande Tribulação. O primeiro grupo, conhecido como pré-tribulacionista, entende que a Igreja, antes do período de sete anos da Grande Tribulação, será arrebatada. (1 Ts 1.10).

 

O segundo grupo, conhecido como mesotribulacionista, afirma que a Igreja passará pela ira e pela perseguição do Anticristo na primeira metade da Grande Tribulação (Ap 11.12). O terceiro grupo, conhecido como pós-tribulacionista, declara que a Igreja passará pela Grande Tribulação. Logo, o Arrebatamento e o aparecimento glorioso de Cristo se fundirão em um só evento (Ap 19.11).

 


O quarto método de interpretação de Apocalipse é conhecido como idealista, simbólico ou místico. Para os estudiosos que o adotam, o livro não possui significado profético. Tudo seria apenas simbólico; nada seria literal nem histórico. De acordo com esse método, o Apocalipse é visto apenas como uma alegoria simbólica da luta entre o bem e o mal, o cristianismo e o paganismo.

 

O quinto método é o literalista, segundo o qual tudo o que consta em Apocalipse tem um sentido literal, exato e direto; nunca figurado ou simbólico.

 

Há também o método de interpretação eclético, o qual combina todos os métodos anteriores, tratando cada texto dentro do seu contexto específico e dentro da hermenêutica bíblica, de modo que uma tendência não domine sobre a outra, prejudicando o todo.

 

II - Qual o melhor método de interpretação de Apocalipse?

O eclético, pois sendo um livro escatológico, em Apocalipse há frases, palavras e textos simbólicos, enquanto outros são literais. Também existem profecias que já se cumpriram, outras que estão se cumprindo, e outras ainda que se cumprirão mais à frente.

 

É necessário pesquisar sobre os símbolos, o contexto histórico e o espiritual. Desta maneira, será possível compreender o livro de Apocalipse sem ser extremista e sem encontrar dificuldades.

 

III - Quais são as chaves para entendermos Apocalipse?


A primeira chave para entendê-lo é estudar o livro de Apocalipse em espírito de oração, pedindo ao seu Autor, Jesus Cristo, que nos revele cada trecho.

 

A segunda chave é depender da iluminação do Espírito Santo. Toda escritura é divinamente inspirada, mas a revelação de seu significado mais profundo só Deus pode dar.

 

A terceira chave é estudar o livro de Apocalipse utilizando o método contextual. Isso implica considerar não só uma passagem bíblica isolada, um versículo, mas todos os versículos anteriores e os posteriores ao texto que estiver sendo analisado, tendo em mente toda a mensagem bíblica, pois um texto sem o seu contexto leva-nos a interpretações errôneas.

 

A quarta chave é observar com muito cuidado o papel de Israel e da Igreja, a fim de compreendermos o que acontecerá nos últimos dias. Há pessoas que apresentam dificuldade no entendimento da palavra profética porque misturam profecias relacionadas a Israel com profecias relacionadas à Igreja.

 

A quinta chave para entender Apocalipse é desejar aprender, nunca polemizar. Se você realmente quer aprender e crescer na graça, no conhecimento e atingir a revelação bíblica, tem de estudar Apocalipse com o objetivo principal de adquirir cada vez mais conhecimento, não de criar polêmica, contender.

 

A sexta chave é nunca utilizar uma interpretação pessoal. Há indivíduos que conferem ao texto bíblico, especialmente às passagens escatológicas, uma interpretação de cunho meramente pessoal. Mas o correto é ater-se à exegese e à hermenêutica.

 

A sétima chave para compreender Apocalipse é nunca suprimir nem acrescentar nada à mensagem, a fim de não atrair para si as pragas descritas nesse livro (Apocalipse 22.18).

IV - Que atitudes temos de adotar para entender os mistérios de Apocalipse?


1ª atitude: comportar-se de modo santo, exemplar, não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado (2 Co 6.3).

Temos de assumir uma postura sem escândalos, para que as verdades da palavra profética sejam reveladas a nós.

 

2ª atitude: proclamar a vinda do Senhor Jesus. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha (1 Co 11.26). Temos de proclamar a volta de Jesus. Não devemos ouvir os escarnecedores. Estes indivíduos, nos dias de Pedro, diziam que Jesus nunca viria. Nos dias de Noé, quando este avisava sobre o dilúvio, sobre a destruição que havería no mundo, as pessoas blasfemavam, escarneciam, dizendo que tal fato nunca aconteceria. O Senhor disse claramente que voltaria. Ele é fiel e cumprirá tudo o que prometeu.

 

3ª atitude: estar alerta e alertar todos quanto à volta do Senhor. Em Apocalipse 3.11, Jesus advertiu: Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.

 

4ª atitude: anunciar, ensinar e pregar a palavra profética. Observe a recomendação de Paulo em 2Timóteo 4.1-5: Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.

 

5ª atitude: ocupar-nos com os negócios do Senhor, conforme a recomendação do senhor que representa Cristo na parábola contada por Ele, em Lucas 19.13: Negociai até que eu venha. Este texto se refere à vinda de Jesus. Nele, vemos a palavra verdadeira do Senhor garantindo que Ele voltará. Logo, devemos envolver-nos na obra de Deus, ganhar almas para Cristo, proclamar o Reino do Senhor Jesus, que se estabelecerá na terra.

 

6ª atitude: nunca permitir o esfriamento do amor, a fim de que não sejamos repreendidos por Jesus, como a Igreja em Éfeso, a qual ouviu: Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor (Ap 2.4). Como o amor esfria? Quando nos envolvemos com coisas que não agradam a Deus e valorizamos demasiadamente o que é material em detrimento do espiritual.

 

7ª atitude: obedecer às advertências do Senhor. Jesus nos avisou sobre o que aconteceria no futuro. Veja o que é dito por Ele em Lucas 6.46-49:

 

Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante. E semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem construída. Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa.

 

Devemos não só obedecer a essas advertências, mas também orar e vigiar, como recomendado em Lucas 21.36: Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem. Não podemos descuidar nem por um momento. Temos de orar sem cessar, pois a oração é o canal que nos liga a Deus, estudar a Palavra e praticá-la, para que não sejamos apanhados de surpresa na volta do Senhor e condenados à separação eterna dele.

 

Estudo: PR. Joá Caitano | Divulgação: ECB