A Disciplina do Cristão

A comunhão com Deus é o aspecto mais importante na vida do salvo. A oração, o jejum e o das Escrituras são disciplinas que devem fazer parte do devocional do cristão.

1. Oração Incessante

A Bíblia ensina orar sem cessar (lTs 5.17). Por meio da oração recebemos livramento e orientações divinas. As vitórias e os sucessos que conquistamos são resultados de uma vida de oração. Quem ora recebe inspiração do céu, entre outras coisas, para o estabelecimento de metas, solução de conflitos e sabedoria para administrar situações diversas. Todo crente precisa ter compromisso com a oração devocional. Oração devocional é aquela feita a sós com Deus, diariamente e por um período razoável de tempo.

 


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Trata-se de um momento de profunda comunhão com o Senhor. Um horário pré-determinado para prostrar-se diante de Deus com a alma e o coração descobertos. Adorar e render graças ao Senhor. Reconhecer misérias e fraquezas. Expor temores e incertezas. Clamar e interceder por sua vida, família e a Igreja de Cristo. Recarregar as forças e as energias para enfrentar mais um dia de labor.

 

O horário previsto para o devocional deve ser observado e cumprido diariamente. Não importa o tempo e nem o local. O importante é manter a disciplina de orar. Uma parte dos cristãos prefere a madrugada. Quando a maioria dorme e o silêncio ajuda na concentração. Raramente acontece interrupção como uma ligação telefônica, a chegada de alguém ou uma necessidade familiar. O momento da oração devocional é essencial e não pode ser negligenciado.

 

2. Jejum Bíblico

Muitos crentes em Cristo já abdicaram do jejum bíblico. Não o praticam e até acreditam que não precisam mais jejuar. Os tais demonstram não conhecer as Escrituras. Quando Jesus foi interpelado pelo motivo de seus discípulos não jejuarem respondeu o seguinte: “Podem, andar tristes os filhos das bodas, enquanto o noivo está com eles? Dias, porém, virão em que lhes será tirado o noivo, e então jejuarão” (Mt 9. 15). Jesus deixou o ensino bem claro, quando retornasse ao céu e enquanto não voltasse Sua Igreja deveria jejuar.

 

Jejum é abstenção completa ou parcial dos alimentos. Os judeus jejuavam do pôr do sol de um dia até o pôr do sol do outro dia. O jejum era comum no Judaísmo e também no Cristianismo Primitivo e tem desaparecido quase que totalmente em algumas igrejas.

 

Em oposição ao comportamento de muitos nos tempos hodiernos, a Bíblia contém inúmeros exemplos de jejum, tais como:

Jejum no Antigo Testamento — Moisés, ao receber a lei de Deus (Êx 34.28); Davi, ao orar pelo filho de Bate-Seba (2Sm 12.16); Ester, ao interceder pelos Judeus (Et 4.16); e Daniel, ao orar em favor dos exilados (Dn 9.3).

 

Jejum no Novo Testamento - Jesus Cristo, antes de iniciar Seu ministério (Lc 4.1-2); Paulo, após a sua conversão em Damasco (At 9.8-9); A Igreja de Antioquia, ao separar missionários (At 13.2-3); e Paulo e Barnabé, ao empossar pastores (At 14.23).

 

Por meio desses exemplos podemos perceber que os jejuns foram realizados em momentos decisivos revestidos de magnitude e desenvolvimento espiritual na vida destes personagens bíblicos, inclusive do próprio filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo!

 

No evangelho de Mateus temos o registro do ensino de Jesus de como devemos praticar o jejum. Somos advertidos a não realizar o jejum com motivações erradas. A pretensão de piedade e o desejo de ser reconhecido pelos homens foram ações condenadas pelo Mestre (Mt 6.16).

 

Na nova aliança, Jesus ensinou que o verdadeiro cristão não precisa ostentar o que faz e nem chamar atenção sobre si mesmo. Deve proceder normalmente de modo que ninguém perceba que esteja jejuando (Mt 6.17). A recompensa do verdadeiro jejum será concedida por Deus em secreto, para evitar o aplauso dos homens (Mt 6.18). Qualquer outro modelo e forma de jejum é antibíblico e deve ser desconsiderado.

 

3. Estudo das Escrituras

Quanto ao estudo sistemático das Escrituras, diversos textos da Palavra de Deus exortam o cristão na busca do conhecimento. Paulo admoestou ao jovem pastor Timóteo: “Persiste em ler, exortar e ensinar” (lTm 4.13) e reiterou mais adiante: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (lTm 4.16). Para Tito, o pastor em Creta, o apóstolo advertiu: “Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina” (Tt 1.9).

 

O cuidado com a doutrina bíblica, a leitura e o estudo das Escrituras são disciplinas indispensáveis na vida do crente. A intimidade com as Escrituras acontece, em primeiro lugar, com a leitura diária dos textos sagrados. Depois pela leitura de bons comentários da Bíblia. Dicionários e tratados de teologia enriquecem o conhecimento bíblico. Nunca sabemos tudo. Ninguém sabe tudo. Estamos sempre aprendendo. Aprendemos pelo estudo sistemático e também uns com os outros. O profeta Oséias já conclamava deste a antiga aliança: “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR” (Os 6.3).

 

A negligência do estudo das Escrituras conduz o displicente pelo caminho da heresia e da superficialidade espiritual. Aquele que não estuda a Palavra fica suscetível ao engano e certamente aceitará toda manifestação espiritual como proveniente de Deus. Torna-se barulhento e sem discernimento. Passa a viver envolto em “falsas revelações”, rebeldias, escândalos e mau testemunho. Por desconhecer os fundamentos da fé cristã torna-se presa fácil de ventos doutrinários e modismos neo-pentecostais.

 

Ao estudar a Palavra de Deus descobrimos que manifestações do Espírito Santo não ocorrem sem transformações de vida. Cristo ensinou que o Espírito Santo convence o mundo “do pecado, e da justiça, e do juízo” (Jo 16.8). Porém, em alguns lugares certas manifestações tidas como “espirituais” não concorrem para o arrependimento, confissão de pecados, regeneração ou santificação.

 

Todo cristão que se recusa estudar as Escrituras e que não tem apreço pelo conhecimento caminha pelo fanatismo religioso. Este comportamento é tanto reprovável como prejudicial a fé cristã. Na igreja primitiva a direção era apontada pelo ensino contínuo da Palavra e as manifestações espirituais estavam sujeitas ao ensino autorizado das Escrituras (lTm 4.11,6.2; ICo 4.17; 2Ts2.15).

 

O ensino Paulino não exclui as manifestações do Espírito. Ao contrário, ele orienta ao cristão como usar os dons no culto a Deus. Nas reuniões da igreja, com ordem e decência, é necessário dar liberdade para as manifestações espirituais (1Co 14.26). Os que não observam as orientações são considerados meninos de entendimento (1Co 14.20). Contudo, o apóstolo ensina que toda a manifestação espiritual precisa ser compreendida, sob o risco de não trazer benefício algum para o crescimento da Igreja (1 Co 14.6).

 

4. Disciplina Constante

A conquista de uma vida vitoriosa e ascendente reside na prática da disciplina cristã. O devocional incluído a oração constante, o jejum em momentos decisivos e o estudo sistemático das Escrituras Sagradas asseguram vida em abundância. Organizar o tempo, estabelecer prioridades e designar horário de qualidade para estar a sós com o Senhor auxiliam na perseverança da comunhão com o Pai.

 

Pr. Douglas Roberto Baptista