
A piedade não é um
simples respeito pelas coisas religiosas, nem uma mera devoção. Conforme muito
bem a definiu James D. Burns, é o conhecimento de Deus na mente do homem. Ao
enfocá-la sob a ótica dos Evangelhos, George Hodges afirmou que Jesus é amigo
dos pecadores, mas só pode ser companheiro dos crentes piedosos.
O termo grego traduzido
por piedade é mui significativo; eusébia traz a ideia de reverência e
culto. A palavra pode ser interpretada, de acordo com Alford, como a virtude
operosa e adoradora. Por conseguinte, a piedade não é estática; é uma
disposição firme e constante para a prática do bem.
Não foram poucos os
filósofos que viram na piedade o ingrediente indispensável à alma humana. Haja
vista o que dela afirmou Confúcio:
"Piedade e obediência,
eis as raízes da humanidade". Em seus Últimos Sonetos, assim cantou o
admirável poeta Cruz e Souza: "O coração de todo o ser humano foi
concebido para ter piedade".
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A piedade, todavia, não
deve ser contemplada nem meramente almejada. Exorta-nos Paulo a exercitá-la.
Você sabe o que isto significa? Atentemos ao que nos recomenda o apóstolo.
Exercitando a piedade
Ao fazer esta
recomendação ao jovem pastor Timóteo: "Exercita-te a ti mesmo em
piedade", 1 Tm 4.7, apóstolo Paulo tinha em mente a disciplina dos atletas
gregos que, na conquista de uma vitória, exercitavam-se até à exaustão. Leiamos
o referido texto no original: gúmnaze dé seautón prós eusébeian.
O verbo grego gumnázo
significa: exercito-me completamente despojado a fim de que nada me tolha os
movimentos. Assim concorriam os atletas nos jogos públicos da Grécia Clássica;
disciplinadíssimos, não admitiam que nada lhes atrapalhasse a conquista do
prêmio. Levavam eles tão a sério a competição, que os seus concursos eram
conhecidos como agón. É deste vocábulo que nos vem o termo agonia que,
primitivamente, descrevia a ansiedade do atleta nas competições. Por
conseguinte, o vergo agonízomai expressa este propósito: esforço-me no agón,
pelejo, luto, persevero nas provas.
Somente lograremos a
estatura de perfeitos varões se nos exercitarmos na piedade como os primitivos
helenos. Neste exercício, haveremos de chegar à exaustão; estaremos em agonia,
a fim de que, em todas as coisas, agrademos àquele que nos alistou para tão
árdua, porém gloriosa peleja. Se almejamos uma vida piedosa, haveremos de nos
exercitar na Palavra de Deus, na oração e nas boas obras.
1. O EXERCÍCIO DA
PALAVRA
Richard Wurnbrand conta
que, durante o período em que esteve nos cárceres comunistas, conheceu pastores
e teólogos que, embora houvessem lido muito sobre a Bíblia, pouca intimidade
tinha com o Santo Livro. Alguns jamais haviam lido toda a Bíblia, mas podiam
discorrer longamente sobre as mais diversas correntes teológicas. Não estará o
mesmo ocorrendo conosco?
De que adianta conhecer
a crítica textual e desconhecer o poder das Escrituras? De que vale transitar
pela crítica histórica e ignorar as sendas dos profetas e apóstolos? Que
proveito em dominar as regras da hermenêutica e não aplicar a Palavra de Deus
ao viver diário? Que ganho há em se falar os idiomas originais e não balbuciar
a língua da divina vontade? Que proveito tem a homilética se o exemplo de vida
não proclama com eloquência as Sagradas Letras?
Conheci homens cheios
de teologia e vazios de Deus; plenos de teorias e carentes de uma vida cristã
prática; transbordantes de discursos racionalizados e espiritualmente mudos. De
que lhes adiantou tanta ilustração? Enquanto isso vai a pobre viúva e o inculto
operário descobrindo, no dia a dia, os maiores tesouros de Deus expostos nas
páginas do Antigo e do Novo Testamento.
Você tem lido regular e
humildemente a Bíblia?
Devemos lê-las com o
mesmo espírito com que foram escrituras". A leitura diária do Santo Livro
conduzi-lo-á ao pleno exercício da piedade; nada o separará daquela comunhão
tão doce com o Senhor.
Dedique-se às
Escrituras. Torne-se delas inseparável. E que a sua leitura do Santo Livro seja
acompanhada por súplicas e perseverantes orações.
2. O EXERCÍCIO DA
ORAÇÃO
Temos nos exercitado na
oração? Ou já temos nos conformados com uma vida desprovida de vida?
Não podemos nos
enganar: a piedade inexiste sem oração. Os mais piedosos são os que mais tempo
passam aos pés do Senhor. Ao discorrer sobre a qualidade da vida cristã, E. M.
Bounds é irretorquível: "É a força da oração que faz santos. Os caracteres
santos são formados pelo poder da oração verdadeira".
Você tem por hábito
orar todos os dias?
De joelhos, você ainda
é um gigante? Intercedendo, tem eloquência? Abençoando os que lhe querem o mal,
são poderosas suas palavras?
Ponha-se aos pés de
Cristo e, à semelhança de Maria, devote ao Cordeiro todas as suas devoções.
Você não foi chamado para ser um mero executivo, mas para executar a vontade de
Deus, ainda que adversas sejam as circunstâncias.
Quanto mais nos
exercitarmos em petições e súplicas diante de Deus, melhores ficaremos. Foi o
que constatou o evangelista Stanley Jones: "Já descobri que sou melhor ou
pior à medida que oro mais ou menos. Quando oro, sou igual a uma lâmpada
colocada no lugar adequado; fico pleno de luz e poder". Se orarmos com
amor e perseverança, seremos poderosos em boas obras.
3. O EXERCÍCIO DAS
BOAS-OBRAS
Lendo de relance as
epístolas de Paulo, tem-se a impressão de que o doutor dos gentios pouco valor
emprestava às boas obras. Todavia, jamais deixou ele de sublimá-las como
resultado da fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Nas cartas endereçadas aos
pastores Timóteo e Tito, refere-se ele pelos menos oito vezes às obras. Até
mesmo no grande capítulo sobre a salvação pela fé, há uma alusão quanto à
importância das obras na vida do crente: "Porque somos feitura sua,
criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que
andássemos nelas", Ef 2.10.
O crente, por
conseguinte, não é salvo pelas boas obras, mas para as boas obras. E, nestas,
devemos exercitar-nos continuamente, a fim de que o nome de Deus seja
glorificado: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus",
Mt 5.16.
Você tem se exercitado
nas boas obras? Ou acha que a fé, desprovida destas, basta-se a si mesma? (Tg
2.17).
Se não formos
conhecidos por nossa piedade, jamais seremos reconhecidos como homens de Deus.
Artigo: Pr. Claudionor
de Andrade | Fonte: Revista Obreiro, ano 23 – n°15. Publicação: CPAD