
Conheceremos nesta oportunidade
oito sistemas teológicos distintos, dentre esses sistemas veremos acerca do Arminianismo.
1. Teologia Católica Romana Tradicional
Natureza da Teologia.
A teologia está
evoluindo constantemente no seu entendimento da fé cristã. O princípio inaciano
da acomodação e o princípio do desenvolvimento, proposto por J. H. Newman,
refletem a natureza mutável da teologia católica romana. O elemento de mudança
do catolicismo deve-se primordialmente à posição de autoridade conferida ao
ensino da igreja.
Revelação.
A Bíblia, incluindo os
apócrifos, é reconhecida como a fonte autorizada de revelação, juntamente com a
tradição e o ensino da igreja. O papa também faz pronunciamentos investidos de
autoridade ex cathedra (da cadeira) sobre questões de doutrina e moral.
Esses pronunciamentos são isentos de erro. A igreja é a mãe, guardiã e
intérprete do cânon.
Muitos estudiosos
católicos romanos posteriores ao Concílio Vaticano II afastaram-se do ensino
tradicional da igreja nessa área, abraçaram as perspectivas da alta crítica
acerca das Escrituras e rejeitaram a infalibilidade papal.
Salvação.
A graça salvadora é
comunicada mediante os sete sacramentos, que são meios de graça. O Batismo, a
Confirmação (ou Crisma) e a Eucaristia referem-se à iniciação na igreja. A
Penitência (ou Confissão) e a Unção estão relacionadas com a cura. O Matrimônio
e as Ordens são sacramentos de compromisso e vocação.
A igreja ministra os
sacramentos por meio do sacerdócio ordenado e hierarquicamente organizado.
Segundo a concepção tradicional, não havia salvação fora da igreja, mas o
ensino recente tem reconhecido que a graça pode ser recebida fora da igreja.
No sacramento da
Eucaristia, o pão e o vinho tornam-se literalmente o corpo e o sangue de Cristo
(transubstanciação).
Igreja.
Os quatro atributos
essenciais da igreja são unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade.
Fundamentalmente, a igreja é a hierarquia ordenada, atingindo o seu ápice no
papa.
A organização está
constituída em torno de uma autoridade sacerdotal centralizada, que teve o seu
início com Pedro. A autoridade do sacerdócio é transmitida por meio da sucessão
apostólica na igreja. Os bispos de Roma têm autoridade para avaliar as
conclusões acadêmicas e fazer pronunciamentos e definições conciliares. A igreja é a mediadora
da presença de Cristo no mundo. Deus usa a igreja como sua agente para levar o
mundo em direção ao seu reino.
Maria.
No Concílio de Éfeso
(431 d.C.), Maria foi declarada a mãe de Deus assim como a mãe de Jesus Cristo,
no sentido de que o Filho que ela deu à luz era ao mesmo tempo Deus e homem. São observadas quatro
festas marianas (anunciação, purificação, assunção e o nascimento de Maria).
Maria ficou isenta do
pecado original ou de pecado pessoal em virtude da intervenção de Deus (a
imaculada concepção). Maria é a
misericordiosa mediadora entre o ser humano e Cristo, o Juiz.
2. Teologia Luterana
Teologia.
A teologia estrutura-se
em torno das três doutrinas fundamentais da sola scriptura (somente a
Escritura), sola gratia (somente a graça) e sola fide (somente a
fé).
Cristo.
Cristo é o centro da
Escritura. A sua pessoa e obra, especialmente a sua morte vicária, são o
fundamento da fé cristã e da mensagem da salvação.
Revelação.
Somente a Escritura é a
fonte autorizada da teologia e da vida e ensino da igreja. A Escritura é a
própria Palavra de Deus, sendo tão verdadeira e dotada de autoridade quanto o
próprio Deus.
No centro da Escritura
estão a pessoa e a obra de Cristo. Assim sendo, o principal propósito da
Escritura é soteriológico - proclamar a mensagem de salvação em Jesus Cristo. A
Palavra, por meio da obra de Cristo, é o modo como Deus efetua a salvação.
Salvação.
A salvação é somente
pela graça mediante a fé. A fonte da salvação é a graça de Deus manifestada
pela obra de Cristo, o fundamento da salvação. O meio de receber a salvação é
somente a fé.
As pessoas em nada
contribuem para a sua salvação. Elas estão inteiramente destituídas de
livre-arbítrio com respeito à salvação, e assim Deus é a causa eficiente da
salvação.
O Espírito Santo atua
por intermédio da palavra do Evangelho (inclusive o batismo e a Ceia do Senhor)
para trazer salvação.
O Espírito usa o
batismo das crianças para produzir nelas a fé e levá-las à salvação.
A Eucaristia (ou Ceia
do Senhor) envolve a presença real de Cristo com o pão e o vinho, embora tais
elementos permaneçam pão e vinho (consubstanciação).
A teologia da cruz deve
ser a marca da verdadeira teologia. Em vez de se concentrarem nas coisas
referentes à natureza invisível e às obras de Deus, conforme discutidas na
teologia natural, que Lutero chama de teologia da glória, os cristãos devem
concentrar-se na humildade de Deus revelada na morte de Cristo na cruz. Em uma
teologia da cruz, os crentes passam a ter o conhecimento de Deus e também um
verdadeiro conhecimento de si mesmos e do seu relacionamento com Deus.
3. Teologia Reformada
Teologia.
A teologia reformada
fundamenta-se no tema central da soberania de Deus. Toda a realidade está sob o
domínio supremo de Deus.
Deus é soberano. Ele é
perfeito em todos os aspectos e possui toda justiça e poder. Ele criou todas as
coisas e as sustém. Como o Criador, ele em nenhum sentido é limitado pela
criação.
Revelação.
A teologia reformada
baseia-se somente na Escritura (sola scriptura). A Bíblia é a Palavra de
Deus e como tal permanece isenta de erros em todos os aspectos. A Escritura
dirige toda a vida e ensino da igreja. A Bíblia possui autoridade em todas as
áreas que aborda.
Salvação.
Na eternidade passada,
Deus escolheu certo número de criaturas caídas para serem reconciliadas com ele
mesmo. No tempo oportuno, Cristo veio para salvar os escolhidos. O Espírito
Santo ilumina os eleitos para que possam crer no Evangelho e receber a
salvação. A salvação pode ser resumida nos Cinco Pontos do Calvinismo:
Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível
e Perseverança dos Santos (as iniciais em inglês formam a palavra TULIP).
Igreja.
A igreja é composta dos
eleitos de Deus que recebem a salvação. Por meio do pacto com Deus, eles estão
comprometidos a servi-lo no mundo.
O batismo simboliza a entrada
na comunidade do pacto tanto para as crianças quanto para os adultos, embora
ambos possam renunciar ao seu batismo.
Quando os crentes
participam com fé da Ceia do Senhor, o Espírito Santo atua neles para torná-los
participantes espirituais.
Em geral, os
presbíteros eleitos pela igreja ensinam e governam a comunidade local. A
unidade da igreja deve basear-se no consenso doutrinário.
4. Teologia Arminiana
Teologia.
A teologia arminiana
preocupa-se em preservar a justiça (equanimidade) de Deus. Como pode um Deus
justo considerar as pessoas responsáveis pela obediência a mandamentos que são
incapazes de obedecer? Esta teologia dá ênfase à presciência divina, à
responsabilidade e livre-arbítrio humanos, e à graça capacitadora universal
(graça comum).
Deus.
Deus é soberano, mas
resolveu conceder livre-arbítrio aos seres humanos.
Salvação.
Deus predestinou para a
salvação aqueles que ele viu de antemão que iriam arrepender-se e crer (eleição
condicional). Cristo sofreu pelos
pecados de toda a humanidade; assim sendo, a expiação é ilimitada.
A salvação pode ser
perdida pelo crente, e por isso a pessoa deve esforçar-se para não cair e se
perder. Cristo não pagou a penalidade dos nossos pecados, pois se o tivesse
feito todos seriam salvos. Antes, Cristo sofreu pelos nossos pecados para que o
Pai pudesse perdoar aqueles que se arrependem e creem. A morte de Cristo foi
um exemplo da penalidade do pecado e do preço do perdão.
5. Teologia Wesleyana
Teologia.
A teologia wesleyana é
essencialmente arminiana, mas tem um senso mais forte da realidade do pecado e
da dependência da graça divina.
Revelação.
A Bíblia é a revelação
divina, o padrão supremo para a fé e a prática. Todavia, existem quatro meios
pelos quais a verdade é mediada - a Escritura, a razão, a tradição e a
experiência (o quadrilátero wesleyano). A Escritura possui autoridade suprema.
Depois da Escritura, a experiência continua a ser a melhor evidência do
cristianismo.
Salvação.
A salvação é um
processo de graça com três passos: graça preveniente, graça justificadora e
graça santificadora. A graça preveniente é a obra universal do Espírito entre o
nascimento e a salvação de uma pessoa. A graça preveniente impede que alguém se
afaste muito de Deus e capacita a pessoa a responder ao evangelho, positiva ou
negativamente. Para aqueles que recebem o evangelho, a graça justificadora
produz salvação e inicia o processo de santificação.
O crente tem como alvo
a obtenção da inteira santificação, que é produzida pelo Espírito Santo em uma
segunda obra da graça. A inteira santificação significa que a pessoa foi
aperfeiçoada em amor. A perfeição não é absoluta, porém relativa e dinâmica.
Quando alguém pode amar sem interesse próprio ou motivos impuros, então ele ou
ela alcançou a perfeição.
6. Teologia Liberal
Teologia.
Os teólogos liberais
procuram articular o cristianismo em termos da cultura e do pensamento
contemporâneos. Eles buscam preservar a essência do cristianismo em termos e
conceitos modernos.
Deus.
Deus é imanente. Ele
habita no mundo e não está acima ou separado dele. Assim, não existe distinção
entre o natural e o sobrenatural.
Trindade.
O Pai não atua
sobrenaturalmente, mas por meio da cultura, filosofia, educação e sociedade. A
teologia liberal geralmente é unitária e não trinitária, reconhecendo somente a
divindade cio Pai. Jesus estava “repleto de Deus”, mas não era Deus encarnado.
O Espírito não é uma pessoa da Divindade, mas simplesmente a atividade de Deus
no mundo.
Cristo.
Cristo deu à humanidade
um exemplo moral. Ele também expressou Deus a nós. Cristo não morreu para pagar
a penalidade dos nossos pecados ou para imputar a sua justiça aos seres
humanos. Ele não era Deus nem salvador, mas simplesmente o representante de
Deus.
Espírito Santo.
O Espírito é a
atividade de Deus no mundo, e não uma terceira pessoa da Divindade igual em
essência ao Pai e ao Filho.
Revelação.
A Bíblia é um registro
humano falível de experiências e pensamentos religiosos. A validade histórica
do registro bíblico é posta em dúvida. As avaliações científicas provam que os
elementos miraculosos da Bíblia são apenas expressões religiosas.
Salvação.
O ser humano não é
pecador por natureza, mas possui um sentimento religioso universal.
O alvo da salvação não
é a conversão pessoal, mas o aperfeiçoamento da sociedade. Cristo deu o exemplo
supremo daquilo que a humanidade se esforça por alcançar e irá tornar-se um
dia. De maneira característica, a teologia liberal tem negado uniformemente a
queda, o pecado original e a natureza substitutiva da Expiação.
Futuro.
Cristo não irá voltar
em pessoa. O reino virá a terra como consequência do progresso moral universal.
7. Teologia da Libertação
Teologia.
A teologia não é vista
como um sistema de dogmas e sim como um meio de dar início a mudanças sociais.
Essa noção tem sido chamada “a libertação da teologia” (H. Segundo). Essa
teologia surgiu a partir do Vaticano II e das tentativas de teólogos liberais
no sentido de enfrentarem as desigualdades sociais, políticas e econômicas em
face de um cristianismo não mais guiado por uma cosmovisão bíblica. Boa parte
do contexto da teologia da libertação tem sido a América Latina e essa teologia
tornou-se uma resposta à opressão política dos pobres.
Os seus proponentes com
frequência têm concepções distintas; na realidade, não existe uma teologia da libertação
“unificada.” Antes, trata-se de diversas “alternativas” estreitamente
relacionadas que derivam de raízes comuns. Em vez de uma teologia clássica
interessada em questões teológicas como a natureza de Deus, o ser humano ou o
futuro, a teologia da libertação está interessada neste mundo e em como podem
ocorrer mudanças por meio da ação política. Na América Latina em especial,
teólogos católicos romanos procuraram combinar o cristianismo e o marxismo.
Deus.
Deus é ativo,
colocando-se sempre ao lado dos pobres e oprimidos e contra os opressores, de
modo que não atua de maneira igual para com todos. Os teólogos da libertação
acentuam a sua imanência em detrimento da sua transcendência. Deus é mutável.
Cristo.
Jesus é visto como um
messias do envolvimento político. Ele é Deus entrando na luta pela justiça ao
lado dos pobres e dos oprimidos. Todavia, ele não foi um salvador no sentido
tradicional da palavra. Em vez disso, os teólogos da libertação defendem uma
ideia de “influência moral” no que diz respeito à expiação. Nada se diz acerca
de uma satisfação da ira de Deus contra o ser humano.
Espírito Santo.
A pneumatologia está
virtualmente ausente da teologia da libertação. Parece difícil encontrar um
papel para a obra do Espírito Santo nos sistemas políticos centrados no ser
humano.
Revelação.
A Bíblia não é um livro
de verdades e normas eternas, mas de registros históricos específicos (muitas
vezes pouco fidedignos). No entanto, muitas passagens são utilizadas em apoio
dessa teologia, especialmente o relato do Êxodo. Os teólogos da libertação
utilizam a “nova” hermenêutica a fim de defenderem as suas posições. Como a sua
teologia se apoia em uma análise marxista e é vista como um modo útil de criar
ações “apropriadas” (ver Salvação), eles dão ênfase primariamente a normas
éticas que alcancem os fins do movimento.
Salvação.
A salvação é vista como
uma transformação social em que se estabelece justiça para os pobres e
oprimidos. “O católico que não é um revolucionário está vivendo em pecado
mortal” (C. Torres). Qualquer método para alcançar esse fim é aceitável, até
mesmo à violência e a revolução. Essa concepção tende para o universalismo, e o
evangelismo torna-se simplesmente o esforço de gerar consciência e preparar as
pessoas para a ação política.
Igreja.
A igreja é vista como
um instrumento para transformar a sociedade: “A atividade pastoral da igreja
não é uma conclusão que resulta de premissas teológicas... [ela] tenta ser
parte do processo pelo qual o mundo é transformado” (G. Gutiérrez). A
neutralidade política não é uma opção para a igreja.
8. Teologia Dispensacionalista
Descrição.
A teologia
dispensacionalista vê o mundo e a história da humanidade como uma esfera
doméstica sobre a qual Deus supervisiona a realização do seu propósito e
vontade.
Essa realização do seu
propósito e vontade pode ser vista ao se observarem os diversos períodos ou
estágios das diferentes economias pelas quais Deus lida com a sua obra e com a
humanidade em particular. Esses diversos estágios ou economias são chamados
dispensações. O seu número pode chegar a sete: inocência, consciência, governo
humano, promessa, lei, graça e reino.
O Povo de Deus.
Deus tem dois povos -
Israel e a igreja. Israel é um povo terreno e a igreja é o seu povo celestial.
O Plano de Deus para o
seu Povo.
Deus tem dois povos
separados, Israel e a igreja, e têm também dois planos separados para esses
dois povos distintos. Ele planeja um reino terreno para Israel. Esse reino foi
adiado até a vinda de Cristo com poder, uma vez que Israel o rejeitou na sua
primeira vinda. Durante a era da igreja Deus está reunindo um povo celestial.
Os dispensacionalistas discordam se os dois povos permanecerão distintos no
estado eterno.
O Plano Divino de Salvação.
Deus tem somente um
plano de salvação, embora isso muitas vezes seja mal compreendido por causa de
inexatidões em alguns escritos dispensacionais. Alguns têm ensinado ou
entendido erroneamente que os crentes do Antigo Testamento foram salvos por
obras e sacrifícios. Todavia, a maior parte crê que a salvação sempre foi pela
graça mediante a fé, mas que o conteúdo da fé pode variar até a plena revelação
de Deus em Cristo.
O Lugar do Destino Eterno do Povo de Deus.
Existem divergências
entre os dispensacionalistas quanto ao futuro estado de Israel e da igreja.
Muitos creem que a igreja irá sentar-se com Cristo no seu trono na Nova
Jerusalém durante o milênio quando ele governar as nações, ao passo que Israel
será a cabeça das nações da terra.
O Nascimento da Igreja.
A igreja nasceu no dia
de Pentecoste e não existiu na história até aquele tempo. A igreja, o corpo de
Cristo, não é encontrada no Velho Testamento, e os santos do Velho Testamento
não são parte do corpo de Cristo.
O Propósito da Primeira Vinda de Cristo.
Cristo veio para
estabelecer o reino messiânico. Alguns dispensacionalistas crem que ele deveria
ser um reino terreno em cumprimento às promessas do Velho Testamento feitas a
Israel. Se os judeus tivessem aceitado a oferta de Jesus, esse reino terreno
teria sido estabelecido de imediato. Outros dispensacionalistas creem que
Cristo estabeleceu o reino messiânico em alguma forma da qual a igreja
participa, mas que o reino terreno aguarda a segunda vinda de Cristo a terra.
Cristo sempre teve em mente a cruz antes da coroa.
O Cumprimento da Nova Aliança.
Os dispensacionalistas
não concordam se somente Israel irá participar da Nova Aliança, numa época
posterior, ou se tanto a igreja como Israel participam conjuntamente. Alguns
dispensacionalistas acreditam que existe só uma nova aliança com duas
aplicações: uma para Israel e outra para a igreja. Outros acreditam que existem
duas novas alianças: uma para Israel e outra para a igreja.
O Problema do Amilenismo e do Pós-Milenismo versus o Pré-
Milenismo.
Todos os
dispensacionalistas são pré-milenistas, embora não necessariamente
pré-tribulacionistas. Esse tipo de pré-milenista crê que Deus irá voltar-se novamente
para a nação de Israel, à parte de sua obra com a igreja, e que haverá um
período de mil anos em que Cristo reinará no trono de Davi, de acordo com as
profecias do Velho Testamento e em cumprimento das mesmas.
A Segunda Vinda de Cristo.
De acordo com a
maioria, primeiro irá ocorrer o Arrebatamento, e então um período de
tribulação, seguido do reino de Cristo durante mil anos, após o qual haverá o
juízo e o estado eterno.