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O Governo da Igreja – Parte 1

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I. A IGREJA COMO ORGANIZAÇÃO E ORGANISMO VIVO

A Igreja deve ser considerada um organismo, algo que possui e gera vida, ou uma organização, caracterizada pela estrutura e pela forma?

 

Esta pergunta tem sido postulada de várias maneiras e por vários motivos durante toda a história do Cristianismo.

Cada geração de crentes (inclusive alguns pentecostais do início do século XX) tem contado com pes­soas que consideram a Igreja apenas como organismo. Enfatizam a natureza espiritual da Igreja e tendem a pensar que qualquer tentativa de organizar o corpo de crentes resul­tará na erosão da Igreja e, finalmente, na morte da esponta­neidade e vida que caracterizam a verdadeira espiritualida­de.

 

Outros creem firmemente na necessidade da estrutura organizacional para a igreja. Chegam ao extremo de ensinar que a Bíblia oferece pormenores específicos para a ordem e regulamento da igreja (infelizmente, subvertem seus própri­os argumentos ao discordarem entre si sobre quais pormeno­res são obrigatórios!).

 

Talvez a melhor abordagem à questão, por vezes contro­vertida, não seja colocar o problema como pergunta ("Qual dos dois?"), mas como solução: ambos.

 

1. O exame da Igreja do Novo Testamento revelará certamente aspectos que favore­cem o conceito de "organismo".

 

A Igreja era dinâmica e desfrutava da liberdade e do entusiasmo de ser dirigida pelo Espírito. Por outro lado, o mesmo exame revelará que a Igreja, desde o seu início, operava com certo grau de estrutu­ra operacional.

 

Os dois pontos de vista (organismo e organi­zação) não precisam colocar-se em estado de tensão, pois é possível perceber que se completam mutuamente.

 

Cada uma das descrições bíblicas da Igreja analisadas: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo - sugerem uma unidade orgânica.

 

Afinal de contas, a vida espiritual do cristão deriva de seu relacionamento com Cristo, e sua vida, como consequência, flui através dele à medida que se torna canal para alimentar e fortalecer a comunidade (Ef 4-15,16).

 

Para o organismo sobreviver, no entanto, precisará de uma estrutura. A Igreja, para poder levar o Evangelho a todo o mundo e fazer discípulos de todas as nações, necessitará de algum tipo de sistema organizacional para o emprego mais eficiente de seus recursos.

 

O desejo de se viver uma igreja neotestamentária é uma aspiração digna e nobre. Os crentes devem continuar a modelar sua teologia de conformidade com os ensinos apos­tólicos e permanecer na busca da orientação do Espírito Santo em sua vida. No entanto, o Novo Testamento indica vários meios de organização para suprir essa necessidade. Por exemplo: a igreja não escolheu diáconos, a não ser quando surgiu a necessidade deles. Posteriormente, foram acrescen­tadas diaconisas.

 

Existe no Novo Testamento elasticidade para acomodar necessidades geradas por situações geográfi­cas e culturais as mais diversas. Lembremo-nos de que a mensagem do Novo Testamento é eterna e não pode ser submetida a meios-termos. Entretanto, para que a mensa­gem se torne eficaz, torna-se necessário aplicá-la ao meio contemporâneo.

 


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II. FORMAS PRINCÍPAIS DE GOVERNO DA IGREJA

Tem-se sugerido que a questão da organização eclesiástica, ou seja, o governo ou constituição da igreja é, em última análise, questão de autoridade - onde reside a autoridade da igreja e quem tem o direito de exercê-la.

 

Embora a maioria, dos crentes não hesite em responder que Deus é a derradeira autoridade da Igreja, ainda precisam determinar como e através de quem Ele deseja administrar essa autoridade. No decurso da história da cristandade, surgiram várias formas de constituição eclesiástica. Algumas atribuem maior grau de autoridade aos clérigos. Outras ressaltam que os leigos devem exercer maior controle na igreja. Outros ainda buscam uma posição de equilíbrio entre os dois extremos. Com raras exceções, a maioria dessas estruturas pode ser classificada em uma das seguintes formas: episcopal, presbiteriana ou congregacional.

 

1. A FORMA EPISCOPAL DE GOVERNO ECLESIÁSTICO

A forma episcopal de governo eclesiástico é normalmente considerada a mais antiga. O próprio título é derivado da palavra grega episkopos, que significa "supervisor".

 

A tradução mais frequente desse termo é "bispo" ou "superintendente". Os que apoiam esta forma de constituição eclesiástica acreditam que Cristo, como Cabeça da Igreja, tenha confiado o controle de sua Igreja na Terra a uma ordem de oficiais chamados bispos, que seriam sucessores dos apóstolos.

 

Acreditam ainda que Cristo constituiu os bispos para serem "uma ordem separada, independente e autoperpetuante" (significa que exercem o controle definitivo nas questões de governo eclesiático e que selecionam seus próprios sucessores).

 

A história da Igreja apresenta evidências da exaltação paulatina da posição de bispo acima das outras posições de liderança eclesiástica.

 

No século II, Inácio de Antioquia (sendo ele mesmo um bispo) ofereceu base racional para a sucessão apostólica ao escrever: "Porque Jesus Cristo - aquela vida da qual não poderemos ser separados à força - é a mente do Pai, assim como também os bispos, nomeados em todas as partes do mundo, refletem a mente de Jesus Cristo".

 

Em outra carta, Inácio atribui crédito a outros oficiais eclesiásticos, inclusive presbíteros e diáconos, e observa que, "sem eles, não se pode ter uma igreja". Enfatizava, no entanto, que somente o bispo "desempenha o papel do Pai".

 

Cipriano, um dos pais da Igreja no século III, elevou ainda mais a importância do bispo e a forma de governo episcopal, declarando: "O bispo está na igreja e a igreja está no bispo, e onde não houver bispo não há igreja". A versão extrema do sistema episcopal encontra-se na organização da Igreja Católica Romana, que remonta pelo menos ao século V. Na tradição católica, o papa ("pai exaltado") aparece como o único sucessor reconhecido do apóstolo Pedro, este considerado pela Igreja Católica como aquele sobre quem Cristo estabeleceu a Igreja (Mt 16.17-19) e que veio a ser o primeiro bispo de Roma.

 

No catolicismo há muitos bispos, mas todos são considerados sujeitos à autoridade do papa, que, no seu papel de "vigário de Cristo", governa como bispo supremo, ou monárquico, da Igreja Romana.

 

Outras igrejas que seguem o sistema episcopal de governo adotam uma abordagem menos exclusivista e possuem vários (às vezes numerosos) líderes que exercem, como bispos, igual autoridade e supervisão na igreja. Tais grupos incluem a Igreja Anglicana (ou Episcopal, fora da Inglaterra), a Igreja Metodista Unida e vários grupos pentecostais, inclusive a Igreja de Deus (Cleveland, Tennessee) e a Igreja da Santidade Pentecostal. Os pormenores específicos do governo eclesiástico muitas vezes diferem grandemente entre os vários grupos, mas tem em comum a forma que identifica o sistema episcopal.

 

Fonte: A Doutrina da Igreja – Escola Bíblica ECB