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O Governo da Igreja – Parte 2

🎯Obs. Veja a parte 3 deste estudo – Clique Aqui

2. A FORMA PRESBITERIANA DE GOVERNO ECLESIÁSTICO

A forma presbiteriana de constituição eclesiástica deriva seu nome do cargo e função bíblicos do presbuteros ("presbítero" ou "ancião"). Este sistema de governo tem um controle menos centralizado que o modelo episcopal: confia na liderança de representação.

 

Cristo é reconhecido como o Cabeça da Igreja (em última análise) e os escolhidos (usualmente por eleição) para ser seus representantes diante da igreja lideram nas atividades normais da vida cristã (adoração, doutrina, administração etc).

 

Assim como na forma episcopal, a aplicação do sistema presbiteriano varia de denominação para denominação. Todavia o modelo normalmente consiste em alguns níveis.

O primeiro (de baixo para cima) é a igreja local, governada pelo "concílio", que consiste em "anciãos governantes" (ou diáconos) e "anciãos ensinantes" (ou ministros).

 

O segundo nível (para cima) de autoridade é o presbitério, que consiste em anciãos governantes e ensinantes de determinado distrito geográfico.

 

Num plano ainda mais alto, temos o sínodo e, finalmente, na posição suprema de autoridade chegamos à Assembleia Geral (ou Supremo Concílio). Da mesma forma, os níveis são dirigidos por líderes (clérigos e leigos) que agem como representantes dos membros, por estes eleitos, e são responsáveis pela orientação espiritual e pragmática.

 

Embora não haja nenhuma forte autoridade centralizada, como no sistema episcopal, as igrejas que compõem o sistema presbiteriano têm um forte vínculo de comunhão e uma tradição de doutrina e prática comuns. Entre as igrejas que adotam esta forma de constituição eclesiástica estão às presbiterianas e as reformadas e alguns grupos pentecostais, inclusive, em grande medida, as Assembleias de Deus.

3. A FORMA CONGREGACIONAL DE GOVERNO ECLESIÁSTICO

Conforme sugere o nome, seu enfoque de autoridade recai sobre o corpo local de crentes. Entre os três tipos principais de constituição eclesiástica, é o sistema congregacional que mais controle coloca nas mãos dos leigos e mais se aproxima da pura democracia.

 

A congregação local é considerada autônoma nas suas tomadas de decisões, sendo que nenhuma pessoa ou organização tem autoridade sobre ela, a não ser Cristo, o verdadeiro Cabeça da Igreja. Não sugerimos com isso que as igrejas congregacionais ajam em total isolamento ou sejam indiferentes às crenças e costumes das igrejas irmãs.

 

As igrejas congregacionais da mesma convicção teológica desfrutam normalmente de fortes laços de comunhão, e não raro esforçam-se para cooperar entre si nos programas de maior escala, como as missões ou a educação (conforme se vê, por exemplo, dentro da Convenção Batista do Sul dos EUA).

 

Ao mesmo tempo, apesar do forte senso de união e coesão quanto ao propósito e ministério globais, a associação dessas igrejas é voluntária, e não obrigatória. E sua estrutura tem mais elasticidade que a presbiteriana ou, especialmente, mais que a episcopal. Entre as igrejas que operam segundo o modelo congregacional estão à maioria das associações batistas, a Igreja Congregacional e muitas igrejas contidas no amplo espectro dos movimentos eclesiásticos independentes.

 

Os seguidores de qualquer um dos três principais sistemas de governo acreditam no apoio do Novo Testamento à sua forma de constituição eclesiástica. Por exemplo, uma leitura informal das epístolas do Novo Testamento revela que os dois títulos: episkopos ("bispo", "supervisor", "superintendente") e presbuteros ("presbítero", "ancião") são frequentemente usados com referência aos líderes da Igreja Primitiva.

 

Paulo, em 1 Timóteo 3.1-7, instrui a respeito do cargo de bispo (episkopos) e repete algumas dessas instruções em Tito 1.5-9. Aqui, no entanto, parece que Paulo emprega os termos episkopos (v. 7) e presbuteros (v. 5) de modo intercambiável. Em outros trechos bíblicos, os dois cargos parecem estar separados (At 15.4,22; Fp 1.1). Como consequência, dependendo da ênfase que se dê a um desses textos, seria possível interpretar a estrutura da Igreja Primitiva igualmente em termos episcopais ou presbiterianos.

 

Um texto das Escrituras é frequentemente usado pelos dois grupos para ilustrar seu sistema: Atos 15, que relata o Concílio da Igreja em Jerusalém. Parece que Tiago, irmão de Jesus, preside o concílio. Este fato, juntamente com outras referências a Tiago como "apóstolo" e "coluna da igreja" (Gl 1.19; 2.9), tem convencido alguns de que Tiago exercia autoridade de bispo.

 


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Por outro lado, os defensores do sistema presbiteriano acham que Tiago parece mais estar agindo como moderador (presidente do concílio) que como uma figura de autoridade e que os demais parecem estar no papel de líderes escolhidos para representar suas respectivas igrejas. Há, ainda, referências neotestamentárias que favorecem o sistema congregacional sugerindo que a Igreja Primitiva elegia seus próprios líderes e delegados (por exemplo, At 6.2-4; 11.22; 14-23)40 e que a congregação local tinha a responsabilidade de manter a sã doutrina; cabia-lhe também disciplinar (por exemplo, Mt 18.15-17; 1 Co 5.4,5; 1 Ts 5.21,22; 1 Jo 4-1).

 

Portanto, obviamente, nenhum modelo completo de governo eclesiástico é oferecido pelo Novo Testamento. Os múltiplos modelos vinham a satisfazer as necessidades, e assim foram estabelecidos princípios para o exercício da autoridade e oferecidos exemplos que possivelmente dão apoio a qualquer um dos três tipos históricos de governo eclesiástico. Hoje, a maioria das igrejas segue o modelo essencial de um desses três tipos, mas não sem modificações, que visam à adaptação ao modo específico de cada grupo definir e exercer o ministério. E, embora nenhum desses sistemas seja inerentemente certo ou errado, pode-se ver que cada um apresenta tanto aspectos positivos quanto negativos.

 

Seja qual for o tipo de governo eclesiástico que escolhermos, merecem destaque vários princípios bíblicos, que devem servir de alicerce a qualquer estrutura desse tipo. Cristo deve ser sempre reconhecido e honrado como Cabeça suprema da Igreja. Se os cristãos perderem de vista essa verdade absoluta, nenhuma forma de governo será bem-sucedida.

 

W. D. Davies declara, com muita razão: "O critério neotestamentário ulterior de qualquer ordem eclesiástica... é que não usurpe a coroa real do Salvador dentro da sua Igreja".

 

Outro princípio fundamental deve ser o reconhecimento da união básica da Igreja. Sem dúvida, há muita diversidade entre as crenças e práticas das várias denominações (e até mesmo dentro de uma única denominação). Os valores culturais e tradicionais variam grandemente entre si. Mesmo assim, e levando-se em conta todas as diferenças, o corpo de Cristo não deixa de ser uma "unidade na multiplicidade”, e é necessário muito cuidado para manter a harmonia e união de propósitos entre o povo de Deus.

 

A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS

Antes de finalizarmos esta seção, é oportuno dizer algo a respeito da estrutura organizacional das Assembleias de Deus.

 

Muitos dos pioneiros desta comunhão reagiram, desde o início, contra uma forte autoridade central a governá-la. Isto porque as denominações às quais antes pertenciam haviam excluído os crentes que receberam o Espírito Santo como ameaças ao situacionismo (entre outras coisas).

 

Alguns dos primeiros pentecostais não estavam mais dispostos a servir uma religião "organizada" - conforme eles a identificavam. No decurso do tempo, entretanto, muitos dos primeiros líderes pentecostais perceberam a necessidade de algum tipo de estrutura através da qual a mensagem moderna do Pentecostes pudesse ser promovida. Consequentemente, as Assembleias de Deus foram organizadas como uma "comunhão" ou "movimento" (muitos ainda repudiavam o termo "denominação"), que enfatizava a liberdade dos membros dirigidos pelo Espírito.

 

À medida que as Assembleias de Deus têm crescido e amadurecido, no decurso do século XX, é reconhecida também a necessidade de uma organização ainda melhor para manter-se à altura das exigências cada vez maiores impostas ao ministério.

 

Há diferenças de opinião no tocante a qual dos três tipos de governo eclesiástico é aceito pelas Assembleias de Deus. Talvez se possa sugerir que, de alguma forma, foram adotados os três. A estrutura organizacional global das Assembleias de Deus assemelha-se mais estreitamente à constituição eclesiástica presbiteriana (conforme já foi aludido). Desde a igreja local até os níveis de distrito e Concílio Geral, a ênfase maior recai na liderança representativa eleita.

 

Os clérigos são comumente representados por "presbíteros", ao passo que os leigos são representados por delegados devidamente escolhidos. Por outro lado, o sistema congregacional de governo pode ser facilmente observado na igreja local. Embora muitas igrejas das Assembleias de Deus sejam consideradas "dependentes" por buscarem na liderança distrital a orientação e o apoio, muitas têm progredido até a condição "soberana". Possuem bastante autonomia na tomada das decisões (escolhem seus próprios pastores, compram e vendem propriedades, etc), mas conservam os laços de união, no tocante à doutrina e prática, com as demais igrejas da área ou distrito ou com o Concílio Geral.


A forma episcopal, segundo alguns, também está presente até certo ponto nas Assembleias de Deus. Por exemplo, algumas das agências nacionais ou do Concílio Geral (a Divisão de Missões Estrangeiras, a Divisão de Missões Nacionais, o Departamento da Capelania) têm motivos válidos para nomear indivíduos para áreas fundamentais, com base na sua vocação e aptidão para semelhantes ministérios.