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2. A FORMA
PRESBITERIANA DE GOVERNO ECLESIÁSTICO
A forma presbiteriana de constituição eclesiástica deriva seu nome do cargo e função bíblicos do presbuteros ("presbítero" ou "ancião"). Este sistema de governo tem um controle menos centralizado que o modelo episcopal: confia na liderança de representação.
Cristo
é reconhecido como o Cabeça da Igreja (em última análise) e os escolhidos
(usualmente por eleição) para ser seus representantes diante da igreja lideram
nas atividades normais da vida cristã (adoração, doutrina, administração etc).
Assim
como na forma episcopal, a aplicação do sistema presbiteriano varia de
denominação para denominação. Todavia o modelo normalmente consiste em alguns
níveis.
O primeiro (de baixo para cima) é
a igreja local, governada pelo
"concílio", que consiste em "anciãos governantes" (ou
diáconos) e "anciãos ensinantes" (ou ministros).
O segundo nível (para cima) de
autoridade é o presbitério, que consiste em anciãos
governantes e ensinantes de determinado distrito geográfico.
Num plano ainda mais alto, temos o sínodo e, finalmente, na posição suprema de autoridade chegamos à Assembleia Geral (ou Supremo Concílio). Da mesma forma, os níveis são dirigidos por líderes (clérigos e leigos) que agem como representantes dos membros, por estes eleitos, e são responsáveis pela orientação espiritual e pragmática.
Embora
não haja nenhuma forte autoridade centralizada, como no sistema episcopal, as
igrejas que compõem o sistema presbiteriano têm um forte vínculo de comunhão e
uma tradição de doutrina e prática comuns. Entre as igrejas que adotam esta
forma de constituição eclesiástica estão às presbiterianas e as reformadas e
alguns grupos pentecostais, inclusive, em grande medida, as Assembleias de
Deus.
3. A FORMA
CONGREGACIONAL DE GOVERNO ECLESIÁSTICO
Conforme
sugere o nome, seu enfoque de autoridade recai sobre o corpo local de crentes.
Entre os três tipos principais de constituição eclesiástica, é o sistema
congregacional que mais controle coloca nas mãos dos leigos e mais se aproxima
da pura democracia.
A
congregação local é considerada autônoma nas suas tomadas de decisões, sendo
que nenhuma pessoa ou organização tem autoridade sobre ela, a não ser Cristo, o
verdadeiro Cabeça da Igreja. Não sugerimos com isso que as igrejas
congregacionais ajam em total isolamento ou sejam indiferentes às crenças e
costumes das igrejas irmãs.
As
igrejas congregacionais da mesma convicção teológica desfrutam normalmente de
fortes laços de comunhão, e não raro esforçam-se para cooperar entre si nos
programas de maior escala, como as missões ou a educação (conforme se vê, por
exemplo, dentro da Convenção Batista do Sul dos EUA).
Ao
mesmo tempo, apesar do forte senso de união e coesão quanto ao propósito e
ministério globais, a associação dessas igrejas é voluntária, e não
obrigatória. E sua estrutura tem mais elasticidade que a presbiteriana ou,
especialmente, mais que a episcopal. Entre as igrejas que operam segundo o
modelo congregacional estão à maioria das associações batistas, a Igreja
Congregacional e muitas igrejas contidas no amplo espectro dos movimentos
eclesiásticos independentes.
Os
seguidores de qualquer um dos três principais sistemas de governo acreditam no
apoio do Novo Testamento à sua forma de constituição eclesiástica. Por exemplo,
uma leitura informal das epístolas do Novo Testamento revela que os dois
títulos: episkopos ("bispo", "supervisor",
"superintendente") e presbuteros ("presbítero",
"ancião") são frequentemente usados com referência aos líderes da
Igreja Primitiva.
Paulo,
em 1 Timóteo 3.1-7, instrui a respeito do cargo de bispo (episkopos) e repete
algumas dessas instruções em Tito 1.5-9. Aqui, no entanto, parece que Paulo
emprega os termos episkopos (v. 7) e presbuteros (v. 5) de modo intercambiável.
Em outros trechos bíblicos, os dois cargos parecem estar separados (At 15.4,22;
Fp 1.1). Como consequência, dependendo da ênfase que se dê a um desses textos,
seria possível interpretar a estrutura da Igreja Primitiva igualmente em termos
episcopais ou presbiterianos.
Um
texto das Escrituras é frequentemente usado pelos dois grupos para ilustrar seu
sistema: Atos 15, que relata o Concílio da Igreja em Jerusalém. Parece que
Tiago, irmão de Jesus, preside o concílio. Este fato, juntamente com outras
referências a Tiago como "apóstolo" e "coluna da igreja"
(Gl 1.19; 2.9), tem convencido alguns de que Tiago exercia autoridade de bispo.
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Por
outro lado, os defensores do sistema presbiteriano acham que Tiago parece mais
estar agindo como moderador (presidente do concílio) que como uma figura de autoridade
e que os demais parecem estar no papel de líderes escolhidos para representar
suas respectivas igrejas. Há, ainda, referências neotestamentárias que
favorecem o sistema congregacional sugerindo que a Igreja Primitiva elegia seus
próprios líderes e delegados (por exemplo, At 6.2-4; 11.22; 14-23)40 e que a
congregação local tinha a responsabilidade de manter a sã doutrina; cabia-lhe
também disciplinar (por exemplo, Mt 18.15-17; 1 Co 5.4,5; 1 Ts 5.21,22; 1 Jo
4-1).
Portanto,
obviamente, nenhum modelo completo de governo eclesiástico é oferecido pelo
Novo Testamento. Os múltiplos modelos vinham a satisfazer as necessidades, e
assim foram estabelecidos princípios para o exercício da autoridade e
oferecidos exemplos que possivelmente dão apoio a qualquer um dos três tipos
históricos de governo eclesiástico. Hoje, a maioria das igrejas segue o modelo
essencial de um desses três tipos, mas não sem modificações, que visam à
adaptação ao modo específico de cada grupo definir e exercer o ministério. E,
embora nenhum desses sistemas seja inerentemente certo ou errado, pode-se ver
que cada um apresenta tanto aspectos positivos quanto negativos.
Seja
qual for o tipo de governo eclesiástico que escolhermos, merecem destaque
vários princípios bíblicos, que devem servir de alicerce a qualquer estrutura
desse tipo. Cristo deve ser sempre reconhecido e honrado como Cabeça suprema da
Igreja. Se os cristãos perderem de vista essa verdade absoluta, nenhuma forma
de governo será bem-sucedida.
W. D.
Davies declara, com muita razão: "O critério neotestamentário ulterior de
qualquer ordem eclesiástica... é que não usurpe a coroa real do Salvador dentro
da sua Igreja".
Outro
princípio fundamental deve ser o reconhecimento da união básica da Igreja. Sem
dúvida, há muita diversidade entre as crenças e práticas das várias
denominações (e até mesmo dentro de uma única denominação). Os valores
culturais e tradicionais variam grandemente entre si. Mesmo assim, e levando-se
em conta todas as diferenças, o corpo de Cristo não deixa de ser uma
"unidade na multiplicidade”, e é necessário muito cuidado para manter a
harmonia e união de propósitos entre o povo de Deus.
A
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS
Antes
de finalizarmos esta seção, é oportuno dizer algo a respeito da estrutura
organizacional das Assembleias de Deus.
Muitos
dos pioneiros desta comunhão reagiram, desde o início, contra uma forte
autoridade central a governá-la. Isto porque as denominações às quais antes
pertenciam haviam excluído os crentes que receberam o Espírito Santo como
ameaças ao situacionismo (entre outras coisas).
Alguns
dos primeiros pentecostais não estavam mais dispostos a servir uma religião
"organizada" - conforme eles a identificavam. No decurso do tempo,
entretanto, muitos dos primeiros líderes pentecostais perceberam a necessidade
de algum tipo de estrutura através da qual a mensagem moderna do Pentecostes
pudesse ser promovida. Consequentemente, as Assembleias de Deus foram
organizadas como uma "comunhão" ou "movimento" (muitos
ainda repudiavam o termo "denominação"), que enfatizava a liberdade
dos membros dirigidos pelo Espírito.
À
medida que as Assembleias de Deus têm crescido e amadurecido, no decurso do
século XX, é reconhecida também a necessidade de uma organização ainda melhor
para manter-se à altura das exigências cada vez maiores impostas ao ministério.
Há
diferenças de opinião no tocante a qual dos três tipos de governo eclesiástico
é aceito pelas Assembleias de Deus. Talvez se possa sugerir que, de alguma
forma, foram adotados os três. A estrutura organizacional global das
Assembleias de Deus assemelha-se mais estreitamente à constituição eclesiástica
presbiteriana (conforme já foi aludido). Desde a igreja local até os níveis de
distrito e Concílio Geral, a ênfase maior recai na liderança representativa
eleita.
Os
clérigos são comumente representados por "presbíteros", ao passo que
os leigos são representados por delegados devidamente escolhidos. Por outro
lado, o sistema congregacional de governo pode ser facilmente observado na
igreja local. Embora muitas igrejas das Assembleias de Deus sejam consideradas
"dependentes" por buscarem na liderança distrital a orientação e o
apoio, muitas têm progredido até a condição "soberana". Possuem
bastante autonomia na tomada das decisões (escolhem seus próprios pastores,
compram e vendem propriedades, etc), mas conservam os laços de união, no
tocante à doutrina e prática, com as demais igrejas da área ou distrito ou com
o Concílio Geral.
A
forma episcopal, segundo alguns, também está presente até certo ponto nas
Assembleias de Deus. Por exemplo, algumas das agências nacionais ou do Concílio
Geral (a Divisão de Missões Estrangeiras, a Divisão de Missões Nacionais, o Departamento
da Capelania) têm motivos válidos para nomear indivíduos para áreas
fundamentais, com base na sua vocação e aptidão para semelhantes ministérios.