🎯Obs. Veja a parte 1 deste estudo – Clique Aqui
III. A FORMA DE GOVERNO DA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA
Existem, entre as nações, várias formas de governo, como também existem vários tipos de governos eclesiásticos nas denominações religiosas. Qual é, pois, a forma de governo que mais se aproxima daquela utilizada nas igrejas nos dias dos apóstolos?
1. A igreja tem, em parte, um
governo teocrático: Deus é quem reina, quem governa.
Jesus é a cabeça da igreja (Ef 1.22) e a Ele somente pertence toda a
preeminência (Cl 1.18). Porém, Deus não quis governar a sua igreja sozinho. Ele
fez dos seus servos reis e sacerdotes (Ap 1.6).
Os
seus ministros são constituídos embaixadores que, "da parte de
Cristo", exercem suas atividades (2 Co 5.20; 1 Co 5.4; Lc 10.16; 1 Ts
4.8).
Deus
os constituiu como seus cooperadores (1 Co 3.9) e os revestiu de autoridade (Mc
13.34). Na igreja em Jerusalém é possível perceber como isso funcionou. Após
uma reunião de grande importância, foi dito: "Pareceu bem ao Espírito
Santo e a nós" (At 15.28). Embora existissem profetas presentes nessa
reunião (At 15.32), não lhes foi entregue a responsabilidade de solucionar o problema
em pauta, pois isso cabia ao pastor da igreja (At 15.13).
2. O governo da igreja também
inclui, em parte, uma forma de monarquia, pois
Deus colocou um "anjo" na igreja (Ap 2.1), que é o pastor, ao qual
foi dado uma grande parcela de responsabilidade. Jesus considerou esse
"anjo" como o responsável pelo estado espiritual da igreja, como é
possível deduzir de Apocalipse 2.3.
Embora
seja grande a responsabilidade que pesa sobre o pastor da igreja, tem ele de
lembrar que não é independente. Em primeiro lugar, está sempre sujeito à
direção de Deus. Tem também de ouvir os presbíteros e possuir o apoio da
igreja. Observamos isso em Atos 15. Embora a solução do problema estivesse com
Tiago, que era o pastor, este precisava ter o apoio tanto da parte dos anciãos
como da igreja (At 15.22). O apóstolo Paulo escreveu à igreja em Corinto:
"Não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores
de vosso gozo" (2 Co 1.24).
3. O governo da igreja também
inclui, em parte, um governo oligárquico, pois
ela possui um corpo formado pelos demais ministros e pelos presbíteros, que
cooperam no governo sob a direção do pastor. Esse é um assunto de muita
importância. É o Espírito Santo quem constitui bispos na igreja (At 20.28).
Devemos,
portanto, procurar fazer com que as diferentes atividades da igreja sejam
harmoniosamente distribuídas, de forma que venham a coincidir com os propósitos
do Espírito Santo.
Existem
dois extremos na maneira de ver a função dos presbíteros. Alguns não lhes dão
nenhum valor, considerando-os como um ornamento no púlpito. Outros, ao
contrário, fazem dos presbíteros um colégio fiscal para vigiar o pastor. Outros
ainda os consideram como patrões do pastor, diante dos quais ele tem de
sujeitar-se.
Esses
extremos estão errados. Deus concedeu o governo da igreja ao pastor, mas este,
por sua vez, tem de trabalhar harmoniosamente com os presbíteros e com toda a
igreja. Os presbíteros bem doutrinados sabem dar valor ao seu pastor, e os que
são dominados por essa nobre atitude valorizam o próprio trabalho.
4. A democracia está também
representada no governo da igreja, que em tudo deve ser
ouvida. A igreja representa Jesus aqui na terra. Um pastor que ouve a sua
igreja demonstra, com isso, estar sob a direção de Deus. Um bom pastor vai à
frente, e o rebanho vai após ele e o segue em suas pegadas (Jo 10.4). A igreja
bem doutrinada sabe dar valor ao seu pastor e nele confia. Ela sabe discernir e
é capaz de sentir quando o pastor está sob a vontade de Deus.
Assim,
temos observado que o governo da igreja é um conjunto de todas as formas de
governo acima mencionadas, mas não esqueçamos de que quanto mais o Espírito
Santo estiver na direção da igreja tanto mais perfeito e harmônico será esse
governo.
IV. AS DIFERENTES
FUNÇÕES NA IGREJA
Embora
o Novo Testamento enfatize a natureza universal do ministério dentro do corpo
de Cristo, indica também que alguns crentes são separados de modo especial a
funções específicas do ministério.
Frequentes
alusões são feitas a Efésios 4-11: "Ele mesmo deu uns para apóstolos, e
outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e
doutores" - uma lista dos "cargos [ou melhor,
"ministérios"] carismáticos" da Igreja Primitiva, conforme
ocasionalmente são chamados.
Diferenciados
destes há os "cargos administrativos" (bispo, presbítero, diácono),
descritos especialmente nas epístolas posteriores do Novo Testamento. Muitas
outras maneiras têm sido sugeridas para descrever os vários cargos, ou
categorias, do ministério neotestamentário.
Por
exemplo: H. Orton Wiley refere-se ao "ministério extraordinário e transicional"
e ao "ministério regular e permanente"; Louis Berkhof prefere
"oficiais extraordinários" e "oficiais comuns"; e Saucy,
com razão, emprega designações mais simples: "ministérios gerais" e
"oficiais locais". O papel relevante/aos apóstolos, profetas e
evangelistas no ministério da Igreja Primitiva é bem atestado no Novo
Testamento. Para os propósitos do presente estudo, serão examinados os cargos
considerados mais comuns à vida da igreja.
1. O
PASTOR (EF 4.11)
Aqui
se trata de um ministério dado pelo dom da graça de Deus, pela operação do seu
poder, para atuar no corpo de Cristo (Ef 3.6,7). A Bíblia também chama o pastor
de "anjo da igreja" (Ap 2.1).
Pode
acontecer que vários ministros desenvolvam o trabalho na mesma igreja, porém,
um deles é o pastor, o responsável, o que preside o trabalho. Esse fato vemos
evidenciado naquilo que a Bíblia relata sobre a igreja em Jerusalém: vários
apóstolos estavam atuando, porém, apenas um, Tiago, era o responsável — era ele
quem presidia (At 15.4).
a) O pastor é responsável pela
igreja local
O
termo "pastor" é usado hoje mais amplamente para quem tem a
responsabilidade e supervisão espirituais da igreja local.
É
interessante que o termo grego poimên
("pastor") é usado uma única vez no Novo Testamento com referência
direta ao ministério do pastor (Ef 4.11).
O
conceito ou função de pastor, no entanto, é encontrado por toda a Escritura.
Conforme sugere o nome, pastor é aquele que cuida das ovelhas, (o retrato que
Jesus faz de si mesmo: o "Bom Pastor" - ho poimên ho kalos, em Jo 10. 11).
A
conexão entre os três termos: "bispo", "presbítero" e
"pastor" é clara em Atos 20. No verso 17, Paulo convoca os
presbíteros (gr. presbuterous) da
igreja em Éfeso. Posteriormente, naquele contexto, Paulo admoesta os
presbíteros: "Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o
Espírito Santo vos constituiu bispos [gr. episkopous]" (v. 28). Na
declaração imediata, Paulo exorta os que acabam de ser chamados bispos ou
supervisores a serem pastores [gr. poimainein] da Igreja de Deus (v. 28).
CURSOS BÍBLICOS PARA VOCÊ:
5) CURSO OBREIRO APROVADO - Clique Aqui
b) As responsabilidades e funções
dos pastores
As
responsabilidades e funções dos pastores de hoje, assim como as dos pastores
neotestamentarios, são muitas e variadas. Três áreas principais a que os
pastores devem se dedicar são: administração (1 Pe 5.1-4), cuidados pastorais
(1 Tm 3.5; Hb 13.17) e instrução (1 Tm 3.2; 5.17; Tt 1.9).
Quanto
a essa última área de responsabilidade, é frequentemente notado que os papéis
de pastor e mestre parecem ter muito em comum no Novo Testamento. Realmente,
quando Paulo menciona os dois dons à Igreja, em Efésios 4.11, a expressão grega
"pastores e mestres" (poimenas kai didaskalous) pode significar
alguém que cumpre as duas funções: um "pastor-mestre".
Embora
"mestre" seja mencionado em outros textos separadamente de
"pastor" (Tg 3.1, ' por exemplo), o que indica que talvez nem sempre
sejam considerados papéis sinônimos, qualquer pastor autêntico levará a sério a
obrigação de ensinar o rebanho de Deus. Muita coisa pode ser dita a respeito de
cada uma dessas três áreas de responsabilidade, mas basta dizer que os pastores
do rebanho de Deus devem conduzi-lo por meio do seu próprio exemplo, nunca
esquecendo que estão servindo como pasto-res-assistentes daquEle que é o
verdadeiro Pastor e Bispo de suas almas (1 Pe 2.25). Foi Ele quem deu o exemplo
de liderança servil (Mc 9.42-44; Lc 22.27).
2. O
PRESBÍTERO (Tt 1.5)
Conforme
o ensino apostólico havia presbíteros em cada igreja (At 14.23). Eles foram
estabelecidos para que a boa ordem fosse mantida nas igrejas estabelecidas (Tt
1.5). Para essa função utilizava-se, simultanea-mente, três títulos: presbítero
(Tt 1.5), ancião (At 20.17) e bispo (At 20.28), sem que esses nomes
representassem diferença, quer no cargo, quer na responsabilidade — eram apenas
sinônimos.
Os
presbíteros tomavam parte ativa no apascentamento da igreja (At 20.28) e também
no ensino, pois uma das qualidades exigidas do candidato ao presbitério era que
fosse "apto para ensinar" (1 Tm 3.2).
Os
presbíteros constituíam um corpo auxiliar no governo da igreja, sob a
presidência do pastor.
Convêm
salientar que os ministros também se consideravam presbíteros. O apóstolo Pedro
escreveu para os presbíteros que ele também era presbítero (1 Pe 5.1), e o
apóstolo João considerava-se também ancião (2 Jo 1) ou presbítero (3 Jo 1).
Apesar
de os presbíteros não serem ministros da Palavra, os ministros, necessariamente,
eram presbíteros. Assim ficava distinguida a liderança que lhes fora dada por
Deus.
3. O
DIÁCONO (1 Tm 3.)
Outro
cargo ou função do ministério associado à igreja local é o de diácono (gr.
diakonos). Este termo relaciona-se com diakonia, a palavra mais usada no Novo
Testamento para descrever o serviço cristão normal.
Tendo
amplo uso nas Escrituras, descreve o ministério do povo de Deus em geral (Ef
4.12), bem como o ministério dos apóstolos (At 1.17,25). Até mesmo o próprio
Jesus o utiliza, para descrever seus propósitos primários "O Filho do
Homem também não veio para ser servido [diakonêthênai], mas para servir
[diakonêsai] e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mc 10.45). Em termos
simples: os diáconos são servos, ou "ministros", no sentido mais fiel
da palavra. Esse fato é acentuado por Paulo ao listar as qualificações para o
diaconato, em 1 Timóteo 3.8-13. Muitas das especificações nesse texto são as
mesmas do cargo de bispo (ou pastor), mencionadas nos versículos anteriores (1
Tm 3.1-7).
Já no
início da atividade da igreja, em Jerusalém, manifestou-se a necessidade de
separar alguns homens cheios do Espírito Santo e de sabedoria para servirem
como diáconos, atendendo assuntos materiais e soci-ais (At 6.1-3), aliviando a
sobrecarga que estava sobre os ombros dos ministros, a fim de que estes
pudessem dedicar-se à oração e ao ministério da Palavra (At 6.4).
Os
diáconos não são os responsáveis diretos nem pelo lado material nem pelo social
da igreja, mas são constituídos "sobre este importante negócio" (At
6.3). Assim, eles não fazem parte propriamente do governo da igreja.
Os
diáconos, sendo cheios do Espírito Santo, podem tomar parte na pregação da
Palavra, como faziam os diáconos Estêvão (At 6.10) e Filipe (At 8.5). O que se
espera de um bom diácono é um bom serviço (1 Tm 3.13).