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Uma Cultura de Paz na Igreja que congregamos

Ao longo do pastorado, tenho observado uma rotatividade entre os membros nas igrejas. Provavelmente a principal razão disso são os conflitos, sejam entre casais, liderança, mulheres ou homens.

No meu tempo de seminário, tivemos matérias que tratavam a vida do ministro, mas nunca houve uma que nos instruíssem a criar uma cultura de pacificação na Igreja. Alguns professores diziam que a função do pastor é "apagar incêndios”.

 

1. A formação de uma cultura de pacificação

A formação de uma cultura de pacificação é uma urgência da Igreja. A queda do homem (Gn 3) trouxe danos para humanidade; além do pecado promover inimizade com Deus, trouxe problemas nos relacionamentos pessoais. Desde então, o coração do homem passou a ser governado por ódio e egoísmo. Um dos maiores desafios no pastorado é lidar com conflitos.

 

Sande (2010)[1] menciona uma entrevista feita a dois mil pastores nos Estados Unidos. Quando eles foram questionados acerca da maior carência do treinamento que eles tiveram no seminário, a principal resposta foi “gestão de conflitos”.

 


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A maioria dos pastores nunca recebeu um treinamento bíblico para os capacitar a resolver conflitos, nunca leram uma literatura bíblica orientando-os na solução de conflitos à luz das Escrituras. Geralmente os pastores tentam apaziguar a situação. Tememos chamar as pessoas para um confronto e isto gerar novos conflitos. Uma vez que o conflito não é confrontado, não há perdão e reconciliação, e a discórdia é semeada. Infelizmente, alguns crentes são imaturos, e quando confrontados, se entristecem e em alguns casos até optam por mudar de igreja.

 

2. Fundamentos bíblicos para uma cultura de paz

Quando olhamos para o Novo Testamento, encontramos ênfase acerca de uma cultura de pacificação. A primeira Carta de Paulo aos Corintos é um exemplo eficaz de caminho para resolução de diversos conflitos na igreja local. Conforme Sande, pacificação é uma atitude expressada através da ação. O coração dessa atitude é a alegria e a gratidão que surgem de uma compreensão completa do Evangelho de Cristo. Jesus morreu crucificado em nosso lugar para nos livrar da condenação e escravidão dos nossos pecados. O coração da pacificação é a clareza da missão de Cristo ao mundo.

 

Paulo escreve em Efésios 2.17: “E, vindo, Ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto”. Essa paz primeiramente nos reconciliou com Deus, mas também nos reconcilia com os nossos irmãos. Essa paz trabalha na raiz do problema, que é o coração, e, pelo poder do Evangelho, vai moldando-o ao caráter de Cristo. É impossível atingir uma cultura de paz na igreja sem conhecer o Evangelho, sem conhecer a nova identidade alcançada em Cristo. Toda obra de pacificação não pode ser fundamentada em boas intenções, mas em Cristo. Para criar uma cultura de paz, o primeiro passo é expor o Evangelho à Igreja. É imprescindível que a Igreja conheça textos bíblicos que a leve a refletir o quanto Deus nos encoraja a viver uma vida de pacificação. Abaixo há textos para o pastor ou líder refletir com sua igreja:

 

“Bem-aventurados os pacificadores pois serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5.9); “Façam todo o possível para viver em paz com todos” (Romanos 12.18); “Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua” (Romanos 14.19); “Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade” (Efésios 2.14-16); “Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Efésios 4.3); “Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos” (Colossenses 3.15); “Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros” (lTessalonicensesl.13); “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12.14); “Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança” (1 Pedro 3.11).

 

3. Criando uma cultura de pacificação

Pregação e ensino. Segundo Poirier (2012)[2], pregar o Evangelho é a melhor maneira de ensinar a igreja a paixão do próprio Deus pela paz, assim como sua soberania em tempos de conflitos. E é a maneira mais eficiente de lembrá-los como Deus anseia ver em seus filhos sua misericórdia, verdade, amor, justiça, interesse pelos outros, confessando seus pecados e perdoando uns aos outros. Quando pregamos o Evangelho de Cristo por si próprio já estamos anunciando a paz (Ef 6.15).

 

Poirier diz que a maneira mais eficaz de pregar o Evangelho da paz é separar um tempo para pregar sermões tópicos expositivos sobre os temas relacionados à paz.

 

Louvores e cânticos. A música é bem marcante na cultura brasileira. Como podemos usar a música na nossa liturgia para ensinar uma cultura de pacificação na igreja?

 

O apóstolo Paulo diz em Colossenses 3.16: “Habite em vocês ricamente a palavra de Cristo; ensinem-se e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração”. As nossas igrejas são musicais e os irmãos gostam muito de cantar louvores a Deus, assim podemos introduzir hinos que apresentam uma mensagem de perdão e nos levam a refletir sobre a graça e misericórdia de Deus.

 

Estabelecendo valores de paz como Igreja. Adams (2020) diz que por meio de uma declaração de valores de paz, a liderança da igreja estabelece publicamente as normas que guiarão na resolução de conflitos na igreja. Isto é uma maneira de anunciar de antemão como faremos as coisas na nossa igreja quando houver conflitos. Geralmente isso acaba ficando restrito ao pastor que, por sua vez, fica bem desgastado e somente apazigua o conflito, mas, na grande maioria das vezes, eles não são resolvidos.

 

A Ceia do Senhor. Poirier diz que a Ceia do Senhor é um momento oportuno para lembrar à congregação da reconciliação que temos com Deus e uns com os outros. As recomendações de Paulo quanto à forma de celebrarmos a Ceia do Senhor foram dadas à Igreja de Corinto. Os coríntios viviam uma prática diária de discórdia, com grupos partidários na mesma igreja, conflitos não sendo resolvidos pela liderança local, e invejas. Para Paulo eles não entendiam o verdadeiro significado do Evangelho, pois a Ceia do Senhor representa o Evangelho materializado em pão e vinho.

 

4. Liderança pacificadora

Para ser uma igreja pacificadora, precisamos de uma liderança pacificadora. Precisamos de pastores comprometidos com o Evangelho e que sejam ensináveis. Precisamos de pastores que amem o pastorado e as pessoas que Deus as confiou.

 

Segundo Poirier, para que uma Igreja se torne uma verdadeira Igreja pacificadora, a renovação deve começar no coração de líderes que escutem de uma nova maneira a boa-nova de que nosso Deus é um Deus que ressuscita os mortos e até pastores mortos. Quando a liderança for tomada por esse Evangelho de paz, podemos chamar nossas igrejas de volta a pacificação bíblica.

 

O pastor deve certificar-se que os membros da sua igreja estão tendo assistência necessária que eles precisam para responder aos conflitos biblicamente. Isso demanda muito treinamento e convívio com as pessoas para que elas adquiram esse nível de maturidade.

 

Artigo: Pr. Cidrac Ferreira Fontes



[1] SANDE, Ken. O Pacificador: como solucionar conflitos. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

[2] POIRIER, Alfred. O Pastor Pacificador: um guia bíblico para a solução de conflitos na igreja. São Paulo: Vida Nova, 2012.

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