A parábola das Dez Virgens (Mt 25.1-13) ensina que somos responsáveis pela nossa condição espiritual individual. Devemos estar prontos X Apara o momento em que Jesus voltará para levar seu povo ao céu. A vinda do Senhor será uma ocasião de grande regozijo para os crentes fiéis, sendo comparada a um banquete de casamento. A coroa da justiça está guardada para “todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.8). Entretanto, para muitos será um tempo de engano, julgamento e desespero.
R.
T. France escreve que a parábola das Dez Virgens é “uma advertência dirigida
especificamente àqueles dentro da igreja para que não assumam que o seu futuro
está garantido incondicionalmente”. Nessa parábola, Jesus declara solenemente a
incerteza do momento da sua volta e a necessidade de estarmos preparados para
tal acontecimento.
O noivo, também chamado “Senhor”, representa Cristo; as virgens representam as pessoas que aceitaram a fé cristã, as lâmpadas representam o espírito humano, o azeite representa as boas obras de amor e o sono representa o período em que as pessoas não vão estar esperando pela volta de Cristo (v. 13; Lc 17.26-29; 21.34-36; Mc 13.33,35).
Nos casamentos antigos havia um costume de ter
dez virgens de honra da noiva.
Entre
os judeus, não se realizavam cultos na sinagoga, não se cumpria o ato de
circuncisão, não se comia a Páscoa e nem se contratava casamento sem que
houvesse, ao menos, dez pessoas presentes. Boaz, ao casar-se com Rute, tinha
dez testemunhas (Rt 4.2). O noivo da parábola é um Rei; portanto, essas
“virgens” (do hebraico alamoth, virgens em idade de casar), referindo-se a
mulheres jovens, castas e solteiras, são damas de honra da noiva (Ct 6.8), mas
nesta parábola são apenas dez. O salmista fala das virgens como “companheiras”
que seguem a noiva: “Levá-la-ão ao rei com vestes bordadas; as virgens que a
acompanham a trarão a ti” (SI 45.14).
A
palavra “virgens” significava que eram sábias, irrepreensíveis, simbolizando os
crentes cuja vida exterior era sem qualquer mancha. Os que seguem o Cordeiro
são chamados de “virgens”, em Ap 14.4 e 2 Co 11.2: “Estes são os que não estão
contaminados com mulheres, porque são virgens. Estes são os que seguem o
Cordeiro para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens foram comprados
como primícias para Deus e para o Cordeiro”; “Porque estou zeloso de vós com
zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem
pura a um marido, a saber, a Cristo”.
Em Êxodo 27.20 está escrito: “Ordene aos israelitas que lhe tragam azeite puro de oliva batida para a iluminação, para que as lâmpadas fiquem sempre acesas”.
As cinco virgens prudentes simbolizam os crentes fiéis, sinceros, constantes
e revestidos de santidade e de espírito. Essas mulheres carregavam um “estoque”
de boas obras, de sinceridade, quebrantamento, misericórdia, e isso alimentava
a chama espiritual do amor que queimava em seus corações. Elas não andavam na
escuridão do pecado, pelo contrário, brilhavam por onde passavam. Jesus disse:
“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um
monte” (Mt 5.14).
O azeite na Bíblia é símbolo do Espírito Santo, na missão de ungir, iluminar, purificar, separar, etc. Nesta parábola específica, o símbolo representa a presença permanente do Espírito Santo, aliada à Fé verdadeira e à Santidade. Não há qualquer fundamento Bíblico que as virgens loucas representem os crentes sem o batismo com o Espírito Santo ou sem poder.
Ser cheio da unção do Espírito é muito mais do que
falar em línguas estranhas ou manifestação de poder, embora essas bênçãos
maravilhosas evidenciem o enchimento do Espírito conforme a teologia de Lucas
presente no livro dos Atos dos Apóstolos. Entretanto, não se pode perder de
vista o enchimento do Espírito conforme Paulo ensina em sua carta
correlacionado-o com a vivência do fruto do Espírito (Mt 7.16-20; 12.33; G1
5.22; Ef 4.32).
Essas
cinco mulheres também eram “virgens”, ou seja, também eram religiosas. Elas
confiavam que apenas a sua religiosidade fosse suficiente para levá-las até o
lugar onde o noivo estava. Isso fez com que elas se sentissem seguras e
autossuficientes em sua “santidade”. Elas acharam que a sua pureza bastava, mas
isso impediu que elas carregassem o óleo da unção, compaixão, amor, etc. Essas
cinco virgens loucas representam os crentes mornos, sem nome, sem a vestidura
espiritual da justiça de Cristo.
Com a parábola das Dez Virgens, Jesus nos alerta sobre a necessidade
de vivermos vigilantes, ou seja, Ele pede para não deixarmos de amar o próximo,
fazermos o bem, vivermos em santidade e levarmos a mensagem do Evangelho, que
fala da reconciliação entre Deus e os homens, através de Cristo. No final Ele
disse: “Portanto, vigiem, porque vocês não sabem o dia nem a hora!” (Mt 25.13).
O
Comentário Bíblico Beacon destaca que a “parábola nos ensina que devemos estar
preparados a qualquer momento para a iminente volta do nosso Senhor, prontos
para encontrá-lo quando Ele chegar, e, para fazer isso, devemos manter a nossa
experiência cristã atualizada”.
Referência:
GABY, Wagner Tadeu/ GABY, Eliel dos Santos. As Parábolas de Jesus. As verdades
e princípios divinos para uma vida abundante. 1ª edição de 2018 - CPAD