1. Buscar a
direção do Espírito Santo
É só por meio da orientação
contínua do Espírito Santo que se pode realizar o trabalho teológico. “Quando o Espírito da verdade vier, ele os
guiará a toda a verdade” (Jo 16.13). Essas palavras de Jesus expressam o
fato fundamental de que o Espírito Santo é o guia para toda a verdade. A
comunidade cristã, para quem veio “o Espírito da verdade”, o Espírito Santo,
possui o Guia em seu interior. Esse mesmo Espírito “lhes ensinará todas as
coisas” (Jo 14.26).
O Espírito Santo, além disso, foi
prometido não só para estar com os cristãos, mas também nos cristãos: “ele vive
com vocês e estará em vocês” (Jo 14.17). Assim, a comunidade cristã possui o
Guia em seu interior, o Mestre, como uma presença residente. A questão
essencial, portanto, é permitir que a realidade interna, o Espírito Santo,
conduza a toda a verdade. Aprofundando: o fato básico de o Espírito Santo ser o
Espírito da verdade e ser residente significa que a verdade habita dentro da
comunidade cristã.
“Vocês têm uma unção que procede do Santo, e todos vocês têm conhecimento” (1 Jo 2.20).
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2.
Confiança nas Escrituras
As Escrituras do Antigo Testamento
e do Novo Testamento são inspiradas por Deus e devem receber plena confiança ao
se desenvolver a tarefa da teologia. Elas apresentam em forma escritas a
declaração da verdade divina e assim são a fonte e medida objetiva para todo o
trabalho teológico.
As Escrituras em toda a sua
extensão proveem os dados materiais para a doutrina cristã e a subsequente
formulação teológica.
As palavras de 2 Timóteo 3.16,17
são bem adequadas:
“Toda a Escritura é inspirada por
Deus e útil para o ensino [doutrina], para a repreensão, para a correção e para
a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente
preparado para toda boa obra”. De acordo com essa declaração, a totalidade das
Escrituras é “soprada por Deus” (o sentido literal de “inspirada”) e, assim,
dada diretamente por Deus. Assim, existe na Escritura uma autoridade que não
pertence apensamentos ou palavras humanas, não importa quanto são guiados pelo
Espírito Santo.
A teologia deve voltar-se primeiro
para as Escrituras ao cumprir sua tarefa.
3. A
inspiração do Antigo e do Novo Testamento
Essa inspiração das Escrituras refere-se
a ambos: o AT e o NT. As palavras de Paulo em 2 Timóteo podem ser consideradas
com o referências só ao AT, já que o NT obviamente, ainda não estava completo.
Entretanto, que os escritos de Paulo, bem como alguns outros, foram desde cedo
reconhecidos como Escrituras evidencia-se nas palavras de 2 Pedro 3.15,16, que,
depois de falar das cartas de Paulo, faz referência às “demais Escrituras”!
Assim, a questão básica para a
teologia é: “Que diz a Escritura?”. Pois só ela é a regra objetiva da verdade cristã.
Devem-se
observar mais algumas questões importantes:
A) Há uma
grande necessidade de um conhecimento crescente das Escrituras — de todas elas
O ideal é que haja um conhecimento
instrumental das línguas originais. Uma tradução interlinear é valiosa,
especialmente quando usada em conjunto com léxicos. Comparar várias versões é
também útil na obtenção de uma perspectiva mais completa.
É importante, além disso, aprender
tudo o que for possível acerca do pano de fundo, composição e formas literárias
da Bíblia e, com isso, saber como estudá-la e compreendê-la melhor. Questões
como o contexto histórico e cultural, o propósito de determinado livro e o
estilo da escrita (e.g., história, poesia, parábola, alegoria) são essenciais
para a compreensão a fim de se chegar à devida interpretação. Além disso, é
importante não ler a passagem isolada, mas vê-la em seu contexto mais amplo e,
se o significado não é claro, compará-la com outras passagens que possam lançar
mais luz.
Todo o campo da hermenêutica — a
saber, os princípios da interpretação bíblica — exige compreensão plena para
que se realize um trabalho teológico sério.
B) Nunca
podemos ir além da Escritura na busca da verdade
Paulo ordena aos coríntios:
“Aprendais a não ir além do que está escrito [Isto é, a Escritura]” (1 Co 4.6).
22 Isso fala contra qualquer fonte extra bíblica como tradição, visão pessoal
ou suposta nova verdade apresentada como algo complementar ou superior ao que
está registrado nas Escrituras Sagradas. A doutrina sadia estabelecida por um
trabalho teológico genuíno não pode depender de outras fontes primárias que não
sejam as Escrituras.
Além disso, precisamos considerar
as palavras que alertam contra interpretações individuais e distorções das
Escrituras. Em 2 Pedro, lemos, primeiro, que “nenhuma profecia da Escritura
provém de interpretação pessoal” (1.20). Trata-se de um alerta urgente contra a
falha de não ficar sob a autoridade da Escritura — ainda que se possa alegar
submissão externa — mas submetê-la à própria interpretação.
A verdade, porém, fica severamente
ameaçada quando, embora a Escritura seja respeitada da boca para fora,
prevalece à interpretação particular e a Escritura é esvaziada de seu
verdadeiro significado. Um alerta semelhante é dado por Pedro acerca das cartas
de Paulo e “as demais Escrituras” que “os ignorantes e instáveis torcem, como
também o fazem [...] para a própria destruição deles” (2 Pe 3.16). A distorção
da Escritura, que tem ocorrido com frequência na história da igreja, é uma
questão ainda mais séria que a interpretação particular, pois toma toda a
verdade divina e a muda.
C) Não pode
haver um entendimento verdadeiro da Escritura sem a iluminação interna do
Espírito Santo.
Já que toda a Escritura é
“inspirada por Deus”, é só quando essa inspiração de Deus, o Espírito de Deus,
move-se sobre as palavras que seu significado pode ser verdadeiramente
compreendido. A resposta a “Que diz a Escritura?” é mais que uma questão de
conhecimento da informação nela contida, mesmo que obtida pela exegese mais cuidadosa,
consciência da situação histórica, apreciação das formas linguísticas etc. A
Escritura só pode ser compreendida em profundidade mediante iluminação do
Espírito Santo.
Sem o Espírito há cegueira na
leitura das Escrituras; com o Espírito há iluminação no entendimento das coisas
de Deus.
D)
Familiaridade com a história da igreja
Para que a teologia consiga
realizar adequadamente seu trabalho, é também necessária uma familiaridade com
a história da igreja. Isso significa que as afirmações dos concílios da igreja,
seus credos e confissões contêm a maneira pela qual ela tem, em várias épocas,
expressado sua doutrina. Os escritos dos pais da igreja primitiva, de teólogos
reconhecidos (os “doutores” da igreja), de comentaristas bíblicos de renome e,
assim, o pensamento cristão ao longo dos séculos — tudo isso é proveitoso para
a teologia.
O período da igreja primitiva com
seus escritos pós-apostólicos e patrísticos e também os concílios ecumênicos
representando a igreja inteira são especialmente importantes. O Credo apostólico o Credo niceno, o Credo de
Calcedônia — para mencionar alguns dos grandes credos universais primitivos
— contribuíram muito para estabelecer o padrão da fé cristã ortodoxa através
dos séculos.
E)
Consciência do cenário contemporâneo
Quanto mais a teologia é informada
daquilo que está ocorrendo na igreja e no mundo, tanto mais relevante e
oportuno será o escrito teológico. Há necessidade, em primeiro lugar, de
conhecer a situação em que se encontra a comunicação. Vivemos numa era de
comunicação multimídia — televisão, rádio, imprensa —, e isso exige
especialização cada vez maior para que a mensagem fique clara.
O homem moderno, tanto dentro como
fora da igreja, é tão bombardeado por informações esparsas, propagandas,
conversas de vendedor etc. que não é fácil refletir sobre a verdade cristã ou
tomar tempo para uma reflexão teológica séria. Além disso, é muito comum os
teólogos serem maus comunicadores: a linguagem deles é de difícil compreensão e
raramente têm a brevidade por ponto forte. Há necessidade de escritos
teológicos muito melhores e mais contemporâneos.
O teólogo, sempre que possível,
deve expressar conceitos difíceis em linguagem clara e até permitir que o
leitor tenha prazer em compreender o que se diz! Tudo isso significa tradução
com a consequente compreensão.
F)
Crescimento na experiência cristã
Por fim, é essencial que haja
crescimento contínuo na experiência cristã para que a teologia desempenhe bem o
seu papel. Podemos observar aqui alguns pontos.
Primeiro: a tarefa
da teologia exige que tudo seja feito numa atitude de oração. Só numa atmosfera
de comunhão persistente com Deus é realmente possível falar de Deus e de seus
caminhos. A teologia, com certeza, é escrita na terceira pessoa; é um “falar
acerca de Deus”. Entretanto, sem um constante “eu-tu”, um relacionamento de
oração em segunda pessoa, o trabalho teológico torna-se frio e impessoal. A
oração “no Espírito” é particularmente importante, pois, por ela, como diz
Paulo, a pessoa “pronuncia mistérios no Espírito” (1 Co 14.2), 31 e esses
mistérios, interpretados pelo Espírito, podem levar a uma compreensão mais
profunda das verdades apresentadas na Escritura.
A vida de oração,
constantemente renovada e sempre em busca da face do Senhor, é fundamental num
trabalho teológico significativo.
Segundo: deve
haver um senso cada vez mais profundo de reverência. É de Deus que a teologia
fala.
Ele é o assunto do começo ao fim,
seja o que for que se possa falar acerca do Universo e do homem. Esse Deus é
aquele que deve ser adorado em santa disposição, aquele de quem o nome deve ser
honrado, aquele cuja própria presença é um fogo consumidor. A teologia,
percebendo que fala daquele diante de quem toda boca deve primeiro calar-se, só
pode exercer sua função num espírito de reverência contínua.
Terceiro: exige-se
uma pureza de coração cada vez maior. Isso é consequência da palavra anterior
sobre reverência, pois o Deus da teologia é Deus santo e justo.
Falar dele e de seus caminhos (e
falar a verdade) exige um coração que passa por purificação constante.
“Bem-aventurados os puros de
coração, pois verão a Deus” (Mt 5.8) aplica-se com peso extraordinário ao
teólogo. Ora, ele deve ver para escrever, e não se pode ver com olhos turvos e
coração impuro.
Quarto: a teologia
deve ser feita num espírito de amor crescente. O Grande Mandamento, “Ame o
Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu
entendimento” (Mt 22.37), aplica-se com particular força ao trabalho da
teologia.
Quinto, e da
maior importância: todo o trabalho de teologia deve ser feito para a glória de
Deus.
A comunidade cristã precisa pôr
diante de si, constantemente, o alvo de glorificar Deus em todos os
empreendimentos teológicos. Nas palavras de Jesus:
“Aquele que busca a glória de quem
o enviou [o Pai], este é verdadeiro; não há nada de falso a seu respeito” (Jo
7.18). Mesmo assim, o alvo da comunidade em cada expressão teológica, tanto de
modo coletivo como por meio de seus especialistas, não deve ser a glória
própria, mas dar glória constante a Deus. Nesse espírito, a teologia pode ser
uma testemunha fiel do Deus vivo.
A teologia é um jeito de amar Deus
com a mente, mas deve ser feita no contexto de um amor total a Deus. A teologia
é algo apaixonante: é reflexão nascida da devoção.
DICAS
DE CURSOS BÍBLICOS