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COMO SE DESENVOLVEU A TEOLOGIA CRISTÃ?

A teologia cristã não nasceu nos seminários teológicos. Ela não é fruto de uma iniciativa que demandava a criação de uma grade curricular em que as disciplinas eram dispostas por uma didática selecionada de matérias como se vê hoje nos seminários teológicos. A evolução do pensamento teológico foi marcada por lutas, tribunais, perseguições e mortes. Muito sangue foi derramado na construção da teologia cristã.  

A opinião de uns e a obstinação de outros, somadas à intransigência dos que defendiam interesses institucionais, levaram líderes e nações a guerrearem uns contra os outros. O espírito de amor e de paz tão defendido pelos apóstolos de Jesus Cristo não demorou a desaparecer após a morte daqueles baluartes da fé. O apóstolo Paulo estava certo do que aconteceria após sua morte: “Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (At 20.29,30).

Já nos dias apostólicos, era forte a presença de algumas heresias no seio da Igreja. Por um lado, Paulo debateu com os judaizantes que queriam manter os crentes presos às regras e às tradições judaicas, privando-os de desfrutarem da liberdade que há em Cristo. De outro lado, também debateu com os gnósticos, os quais misturavam filosofia com a doutrina cristã, confundindo os crentes com suas heresias absurdas.

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Muitas outras questões alheias ao pensamento cristão ainda seriam plantadas pelo diabo para desviar do seu propósito inicial não apenas algumas pessoas, mas toda a Igreja de Jesus, transformando-a em uma grande e prostituída instituição. Os líderes dela já eram chamados de Pais no segundo século. Do segundo ao quarto séculos, a Igreja foi dando sinais de adoecimento com a semeadura de grandes heresias.

AS FUNÇÕES DA TEOLOGIA

A teologia possui algumas funções. Entre elas estão à clarificação, a integração, a correção, a declaração e o desafio.

1. Clarificação

É importante estabelecer com a maior clareza possível o que afirma a comunidade cristã. Isso serve basicamente para as pessoas da comunidade que precisam ser instruídas na fé. Muitas vezes há falta de entendimento em várias áreas doutrinárias.

A participação na experiência cristã é, claro, algo imprescindível, mas isso não traz pleno entendimento de maneira automática. É preciso uma instrução complementar para que possa ocorrer um esclarecimento cada vez maior da verdade.

A intenção dessa instrução é que o indivíduo cristão se torne “como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).

2. Integração

A teologia deve ajudar a juntar tudo, integrando uma verdade com outra. A teologia não trata só de clarificar as doutrinas isoladas, mas também de demonstrar como elas se encaixam formando um desenho completo.

A integração é importante em tudo o que diz respeito à vida e, decerto, isso é verdade na área da fé cristã.

3. Correção

A teologia serve como corretivo para desvios da verdade. Ao articular da maneira mais clara possível as várias verdades da fé cristã, indiretamente, ela procura remediar desequilíbrios ou erros que possam ter ocorrido. É essencial para a saúde da fé cristã que seja afastada desses desvios.

Infelizmente, a participação na fé e na experiência cristã não é uma garantia contra a entrada furtiva de heresias. Aliás, a maior parte das heresias que têm afligido a igreja tem surgido não de oponentes de fora, mas de equívocos em seu interior. Às vezes isso se deve à ênfase exagerada em certa doutrina que assim fica inflada de modo desproporcional à sua devida importância.

4. Declaração

Outra função da teologia é fazer conhecido publicamente o que defende a comunidade cristã. Dizemos ao mundo: “Esta é a bandeira sob a qual nos levantamos; esta é a verdade que proclamamos para que todos ouçam”.

Paulo escreve: “A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Ef 3.10).

Evidentemente, a igreja declara a sabedoria de Deus na pregação do evangelho; mas, em particular, é em sua expressão teológica que a multiformidade da verdade divina é apresentada para os que queiram ouvir.

5. Desafio

Há diferenças de doutrina dentro de várias comunidades cristãs, chegando com frequência a separá-las umas das outras. No passado, desenvolveram-se extremos em questões como a soberania de Deus e a liberdade humana, a divindade e a humanidade de Jesus e a natureza dos sacramentos. No presente, os extremos são particularmente evidentes na área da escatologia.

É a tarefa desafiadora da teologia procurar descobrir onde está a verdade e estabelecê-la de modo claro e coerente. Algumas diferenças podem ser reconhecidas como questões principalmente de semântica; outras são muito mais substantivas em caráter. De qualquer modo, a teologia enfrenta esse desafio sempre presente.

Pela ordem das prioridades, o primeiro alvo da teologia é a própria comunidade cristã. A clarificação, a integração e a correção já descritas estão obviamente relacionadas com o benefício e fortalecimento daqueles que participam da fé e da experiência cristãs. Entretanto, há a declaração, essa função orientada para o mundo, cuja importância não deve ser menosprezada.

No mínimo, ela representa um tipo de responsabilidade pública, uma razão de ser para a comunidade cristã.

E isso — quaisquer que sejam os resultados — não deixa de trazer por sua vez algum benefício para a comunidade cristã. Há valor indubitável, tanto comunal como pessoal, em tornar pública uma posição.

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