Além das metáforas que descrevem a naturezada Igreja, as Escrituras sugerem outros conceitos pelos quais os teólogos lhe
descrevem o caráter. Uma forma comum é retratar a Igreja sob duas
perspectivas: local e universal. Há muitas referências, no
Novo Testamento, à Igreja universal, como a proclamação de Jesus, em Mateus 16.18: "Edificarei a minha igreja"; ou a
declaração de Paulo, em Efésios 5.25:
"Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela".
1.
IGREJA UNIVERSAL
A Igreja universal é o conjunto de todos os salvos em Cristo. É citada no Novo
Testamento no singular - “igreja” - nos textos de At 20.28; 1 Co 12.28; Ef
1.22; 5.27; 1 Tm 3.15; Hb 12.23. No plano eterno de Deus, a Igreja universal
foi arquitetada por Ele antes da fundação do mundo (Ef 1.4,9, 10), e, tem um
caráter geral porque inclui todos os cristãos remidos por Cristo, dentre todos
os povos.
A
Igreja universal abrange todos os crentes verdadeiros, independente das
diferenças geográficas, culturais ou denominacionais. São os que corresponderam
a Cristo com fé e obediência e são agora "membros de Cristo" e, consequentemente, "membros uns dos
outros" (ver Rm 12.5).
A
expressão "Igreja universal" é empregada em alguns
círculos com algumas variantes: "igreja ecumênica" e "igreja católica". Embora os termos "ecumênico" e "católico"
signifiquem simplesmente "universal", o emprego histórico ocasionou
diferenças substanciais. Se falamos hoje em igreja "ecumênica", por exemplo, normalmente
nos referimos a uma organização composta de várias denominações que se reúnem
em torno das crenças ou práticas (ou ambas) qúe sustentam em comum. O termo
"católico" se tem essencialmente tornado sinônimo da Igreja Católica Romana. Embora certamente haja
crentes genuínos dentro das fileiras dessas organizações, seria engano
confundir associações terrestres com o corpo universal dos crentes.
A
Igreja universal é um organismo espiritual, invisível ao olho humano, composta
de todos os que, em todos os tempos e em todos os lugares, possuírem os nomes
escritos no Livro da Vida. É "a universal assembleia e igreja dos
primogênitos, que estão inscritos nos céus" (Hb 12.23).
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Os
crentes do Antigo Testamento, que creram em Deus e foram aceitos por Ele
através do sacrifício de cordeiros, após a morte e a ressurreição de Jesus
foram postos em pé de igualdade com os crentes do Novo Testamento (Rm 3.25,26).
Eles
tomarão parte na primeira ressurreição, quando Jesus vier nas nuvens. Jesus é o
líder da Igreja universal. Não existem nela ministérios ou cooperadores: Ele é
tudo em todos. Aqueles que permanecem em Jesus dando frutos pertencem à Igreja
universal. Se alguém não dá fruto, é cortado (Jo 15.4-6). Todas as igrejas
locais no mundo pertencem à Igreja universal, mas é possível ser membro de uma
igreja local, sem pertencer à Igreja universal.
2.
IGREJA LOCAL
A palavra igreja, em
sentido literal, abrange o conceito de “congregar” e “reunir”, pois se trata da
reunião dos fiéis em um local específico. A Bíblia emprega o plural “igrejas”,
a fim de referir-se às igrejas locais (At 9.31; 16.5; Rm 16.4; 16.19; 2 Co 8.1;
Gl 1.2). No entanto, quando o termo está no singular, cita-se a região na qual
a igreja local encontra-se (At 14.23; Rm 16.1; 1 Co 1.2; 4.17; 1 Ts 1.1).
A perspectiva local da igreja fortalece o fato de que
o trato e relacionamento de Deus com ela não é só universal, mas local,
congregacional e direto.
A igreja local é a forma neotestamentária da comunhão
entre os crentes! É um órgão que Jesus fez levantar através da sua morte (Jo 11.52; Ef
2.15,16).
A igreja local é o agrupamento de crentes regenerados
e batizados em água, residentes em uma
determinada comunidade, os quais, com o propósito de obedecer à Palavra de
Deus, se reúnem em um organismo espiritual para, sob a direção de um ministro
de Deus, servir ao Senhor. Pela Palavra de Deus, sabemos que era possível
saber se uma pessoa pertencia ou não à igreja.
A Bíblia fala de "alguns da igreja" (At 12.1) e dos que "saíram de nós" (1 Jo
2.19). Assim, torna-se manifesta tanto a retidão dos sinceros (1 Co
11.19) como o desvario dos errados (2 Tm 3.9). Quando a Bíblia fala da disciplina na igreja, subentende-se que o disciplinado pertencia à mesma, pois ninguém
pode ser desligado de um local ao qual não pertencia (Mt 18.17,18).
Na igreja local, todos os membros são
iguais em consideração, pois são irmãos (Mt 23.8-10). Não existe discriminação de raça nem de posição
social: todos são varas na mesma videira (Jo 15.5).
A Bíblia fala sempre de uma só igreja local em cada lugar:
a igreja em Jerusalém (At
8.1), em Antioquia (At
13.1), em Corinto (1 Co 1.2), em Tessalônica (1 Ts
1.1) e em
Éfeso (Ap 2.1), por exemplo.
A igreja local também é referida na forma plural,
quando se trata das igrejas existentes em determinada região. Assim, as igrejas
na Galácia (Gl 1.2), na Judeia, Galileia e
Samaria (At 9.31) e na Macedônia (2 Co
8.1).
Idealmente,
a igreja local deve ser uma pequena réplica da Igreja universal. Isto é, deve ser composta de pessoas pertencentes a
todas as situações históricas, culturas raciais ou étnicas e níveis
sócio-econômicos, que nasceram de novo e compartilham a dedicação de suas vidas
ao senhorio de Jesus Cristo.
Assim
como nos tempos do Novo Testamento, é possível haver nas assembleias cristãs locais ovelhas
insinceras ou até mesmo falsas entre o rebanho. E assim, a despeito das
melhores intenções, a igreja local muitas vezes fica aquém do caráter e natureza da Igreja universal verdadeira.
Semelhantemente, a Igreja é também chamada
"visível" e "invisível". Esta distinção aparecia já
na literatura cristã, nos tempos de Agostinho, e achava-se frequentemente nos escritos dos reformadores, como Lutero e
Calvino.
Alguns
oponentes de Lutero acusaram-no de
estar sugerindo, na prática, haver duas igrejas diferentes. Isto, em parte, porque Lutero falava de uma ekklêsiola
dentro da ekklêsia visível.
A
intenção de Lutero, no entanto, não era distinguir duas igrejas, mas apontar
dois aspectos da Igreja única de Jesus Cristo. A expressão luterana
simplesmente indica que a Igreja é invisível por ser de natureza
essencialmente espiritual: os crentes estão invisivelmente unidos com Cristo
pelo Espírito Santo, as bênçãos da salvação não se podem discernir pelo olho
natural, etc.
A Igreja invisível, no entanto, assume forma
visível na organização externa, terrestre. A Igreja é apresentada de várias
maneiras através do testemunho e conduta prática cristã e do ministério
tangível dos crentes, coletiva e
individualmente. A Igreja visível, assim como a igreja local, deve ser uma
versão menor da Igreja invisível (ou universal); porém, conforme já observado,
nem sempre acontece assim. A pessoa pode professar fé em Cristo sem realmente
conhecê-lo como Salvador e, embora se associe com a Igreja como instituição
externa, pode não pertencer realmente à Igreja invisível.
A
tendência, no decurso da história da Igreja, tem sido oscilar entre um extremo
e outro. Por exemplo: algumas tradições, como a Católica Romana, a Ortodoxa
Oriental e a Anglicana, enfatizam a prioridade da Igreja institucional ou
visível.
Outras,
como a dos quacres e dos Irmãos de Plymouth, ressaltando uma fé mais interna e subjetiva, têm desprezado e até mesmo criticado qualquer tipo
de organização e estrutura formal, e buscam a verdadeira Igreja invisível.
Conforme
observa Millard Erickson, as Escrituras certamente consideram prioridade a
condição espiritual do indivíduo e sua posição na Igreja invisível, mas não a
ponto de desconsiderar ou menosprezar a importância da organização da Igreja
visível. Sugere que, embora haja distinções entre a Igreja visível e a
invisível, é importante adotarmos uma
abordagem abrangente, de maneira que procuremos deixar as duas serem tão idênticas
quanto possível. "Assim como nenhum crente verdadeiro deve estar fora da
comunhão, devemos também diligenciar a fim de garantirmos que somente crentes
verdadeiros estejam dentro da comunhão".
Seria impossível entender a natureza e o
caráter verdadeiros da Igreja (local ou universal, visível ou invisível) sem
reconhecer que ela, desde o seu início, tem recebido poder e orientação do
Espírito Santo. Pode-se perceber esse fato pelo que Lucas deixou registrado em
Atos dos Apóstolos: o início e desenvolvimento da Igreja, as três primeiras
décadas da sua existência.
As epístolas posteriores do Novo Testamento e
a continuação da história da Igreja dão ainda mais ênfase ao papel vital do
Espírito Santo na sua trajetória. Imediatamente antes da ascensão, Jesus
declarou aos seus discípulos: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra" (At 1.8).
Com referência ao ministério do Espírito, que viria dentro em breve a
revesti-los de poder, Jesus antecipara aos seus seguidores que estes fariam
coisas ainda maiores que as que o viam fazer (Jo 14.12). A promessa foi
confirmada a partir do derramamento incomparável do Espírito Santo, no dia de Pentecostes.
O leitor de Atos dos Apóstolos fica
maravilhado, não somente diante da grande aceitação inicial dos primeiros dons,
profecia e exortação, exteriorizados pelo apóstolo Pedro -
cheio do Espírito Santo - quando cerca de três mil pessoas foram salvas, mas
também diante da continuada aceitação por aqueles que foram alcançados pelo
ministério de uma Igreja revestida do poder do Espírito Santo e por Ele equipada
(ver At 2.47; 4.4,29-33; 5.12-16).
No tocante à mensagem de Pedro no dia de
Pentecostes, certo estudioso
evangélico (não pentecostal) declara: "Realmente não podemos explicar os
resultados do sermão de Pedro simplesmente pela perícia com que foi preparado
e pregado. A razão do seu sucesso acha-se no poder do Espírito Santo".
Semelhantemente, o mesmo estudioso declara que a continuada eficácia dos
crentes primitivos descrita em Atos dos Apóstolos não pode ser explicada em
termos de capacidade e esforço próprios: "Não eram pessoas incomuns. Os
resultados eram uma consequência do ministério do Espírito Santo".
O Espírito Santo continuava a fortalecer e
orientar a Igreja após a era neotestamentária. Contrariamente à opinião
popular em alguns arraiais não pentecostais, os dons e manifestações do Espírito
Santo não/cessaram no fim da era apostólica, mas continuaram nos séculos que se
seguiam ao período do Novo Testamento.
A
Igreja moderna, especialmente os membros alistados entre as centenas de milhões
de crentes pentecostais existentes no mundo inteiro, jamais devem perder de
vista a importância bíblica e teológica de continuar prestando atenção e
obediência à soberana atuação do
Espírito de Deus. Suas ações são manifestas, não
somente em demonstrações incomuns de poder miraculoso como também de maneira
normativa, cuja orientação e assistência são às vezes quase imperceptíveis (1 Rs 19.11,12). A Igreja hodierna precisa manter-se receptiva e submissa à direção e suave orientação
do Espírito Santo. Somente assim o cristianismo contemporâneo poderá proclamar
afinidade com a Igreja do Novo Testamento.
Outra
maneira de entender o caráter da
Igreja do Novo Testamento é examinando o seu relacionamento com o Reino de Deus
(gr. basileia tou theou). O
Reino era um dos principais ensinos de Jesus durante seu ministério terrestre.
E, na realidade, embora os evangelhos registrem apenas três menções específicas
à igreja (ekklêsia, todas declarações de Jesus, registradas em Mt 16 e 18), estão
repletos de ênfases ao Reino.
O termo basileia ("reino") é
usualmente definido como o governo de Deus, a esfera universal do seu domínio.
Seguindo esse modo de entender, alguns fazem distinção entre Reino e Igreja.
Consideram que o Reino inclui todas as criaturas celestiais não caídas (os
anjos) e os redimidos entre a raça humana (antes e depois dos tempos de
Cristo). Por contraste, a Igreja consiste mais especificamente de seres humanos
regenerados mediante a obra expiadora de Cristo.
Os que defendem tal distinção acreditam
também que o Reino de Deus transcende o tempo e tem a mesma duração que o
Universo, ao passo que a Igreja tem um ponto inicial específico e também terá
um ponto culminante específico, na segunda vinda de Cristo. Partindo-se dessa
perspectiva, portanto, o Reino consiste nos redimidos de todos os tempos (os
santos do Antigo e do Novo Testamento), enquanto a Igreja consiste naqueles que
foram redimidos a partir da obra completa de Cristo (sua crucificação e ressurreição).
De conformidade com esse raciocínio, a pessoa
pode ser membro do Reino de Deus sem pertencer à Igreja (por exemplo, os
patriarcas Moisés e Davi), mas quem é membro da Igreja pertence simultaneamente
ao Reino. À medida que mais indivíduos se convertem a Cristo e se tornam membros
da Igreja, somam-se também ao Reino, que assim cresce.
Outros interpretam de modo diferente a
distinção entre Reino e Igreja. George E.
Ladd entendia que o Reino
era o reinado de Deus, e a Igreja, por contraste, a esfera do domínio divino -
as pessoas sujeitas ao governo de Deus. De modo semelhante ao que distinguem
entre Reino e Igreja, Ladd achava que não se deveria equiparar os dois. Pelo
contrário, o Reino cria a Igreja, e a Igreja dá testemunho do Reino. Além
disso, a Igreja é instrumento e depositária do Reino, como também a forma que o
Reino ou reinado de Deus assume na Terra: uma manifestação concreta do governo
soberano de Deus entre a raça humana.
Outros distinguem Reino de Deus e Igreja por
acreditarem ser aquele primariamente um conceito escatológico, ao passo que esta possui uma identidade mais
temporal e presente. Louis Berkhof considera que a
ideia bíblica primária do Reino é o governo de Deus "reconhecido nos
corações dos pecadores mediante a poderosa influência regeneradora do Espírito Santo".
Esse governo já é exercido na Terra, em
princípio ("a realização presente dele é espiritual e invisível"),
mas não o será de modo completo antes da segunda vinda visível de Cristo. Em
outras palavras, Berkhof defende um aspecto de "já/ainda não"
operando no relacionamento entre o Reino e a Igreja. Por exemplo: Jesus
enfatizava a realidade presente e o caráter universal do Reino, concretizados
de modo inédito mediante seu próprio ministério.
Além disso, Ele oferecia uma esperança futura: o Reino
que viria em glória. Nesse aspecto, Berkhof não fica longe das posições
teológicas declaradas supra, que descrevem o Reino em termos mais amplos que a
Igreja. O Reino (palavras dele) "visa nada menos que o total controle de
todas as manifestações da vida. Representa o domínio de Deus em todas as
esferas da atividade
humana".
3. OS
ASPECTOS DIVINOS E TERRENOS DA IGREJA
A Igreja não é uma mera
organização, mas um organismo vivo. O Novo Testamento mostra que ela é divina e
terrena.
Vejamos:
a) Divina. O
Mestre amado disse: “[...] edificarei a minha igreja, e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Jesus Cristo é a pedra, isto é, o
único e o profundo alicerce da Igreja (1 Co 3.11). Portanto, a característica
divina da Igreja está na pessoa de Jesus Cristo (Ef 2.20). Ele a fundou
edificou-a e conserva-a através do Espírito Santo para nossa consolação (Jo
14.16; 15.26).
b) Terrena. O
Corpo de Cristo é composto por judeus e gentios. Antes do advento da Igreja,
ambos os povos estavam separados. Todavia, mediante a cruz de Nosso Senhor,
passaram a constituir uma só grei (Ef 2.14). Isto denota a diversidade étnica e
cultural da Igreja, pois esta é formada por pessoas oriundas de todas as
nacionalidades, culturas e etnias. É a assembleia universal dos santos.
4. OS MEMBROS DA IGREJA
A Igreja é composta pelos salvos por Cristo oriundos de todas as
nacionalidades.
a) Os judeus.
Embora os primeiros cristãos fossem de origem judaica, não tiveram estes
à primazia absoluta na Igreja, conforme o demonstra Pedro (At 10.34).
b) Os gentios.
Considerados pelos judeus como cachorrinhos (Mt 15.26), por estarem alijados
da comunidade de Israel (Ef 2.12), foram os gentios admitidos à família dos
santos com pleno acesso às bênçãos espirituais.
3. A Igreja de
Deus.
Formada por judeus e gentios, a Igreja de Deus é vista como a Universal
Assembleia dos Santos (Hb 12.22-24).